Nova casa de orações recebe mezuzah
Por Sheila Sacks
Perseguidos e expulsos de Portugal pela Inquisição, em 1536, os judeus e seus descendentes têm encontrado um ambiente propício ao retorno às suas origens nesse alvorecer do século 21.
Na cidade de Trancoso, região centro-norte de Portugal, o mês de junho foi marcado por uma cerimônia especial, há muito aguardada pela comunidade judaica lusa: a colocação de uma mezuzah ( pequena caixa com uma oração em hebraico) no umbral de entrada da recém construída sinagoga Beit Mayim Hayim (Casa das Águas Vivas), que integrada ao Centro de Interpretação da Cultura Judaica Isaac Cardoso se constituirá em um local de acolhimento e estudo para aqueles que procuram conhecer as suas raízes judaicas e também para muitos que se propõem a se aprofundar na história e cultura hebraica.
A colocação da mezuzah - um dos mais importantes símbolos da fé judaica - foi realizada em clima de festa, no domingo, 3 de junho, com a participação de vários convidados, vereadores de Trancoso, Bnei Hanusim (descendentes de cristãos-novos) e visitantes de Israel, Chile, Argentina, Gilbratar e Estados Unidos. O responsável pela construção da sinagoga, Jorge Grilo, foi o primeiro a colocar a mezuzah, ato compartilhado depois por todos os presentes em um ambiente de emoção.
Presente ao acontecimento, o diretor e fundador do programa internacional de educação judaica “Kivunin” (Direções), o norte-americano Peter Geffen, acompanhado de vários jovens destacou a importância daquele momento: “Esta é uma homenagem aqueles que sofreram, foram perseguidos, torturados, mortos pela Inquisição, os de Trancoso, os de Portugal e de todo o mundo, uma demonstração de fé e de esperança e de que a memória da Comunidade Judaica de Trancoso, especificamente, e dos judeus portugueses e da sua herança cultural, social e religiosa não pereceu apesar das perseguições e privações.”
Para completar os festejos, foram realizadas palestras a cargo dos rabinos Dov Lerea (Kivunin) e Elisha Salas, do Shavei Israel de Portugal. O primeiro falou sobre o rabino Salomon Alami, português (séculos 14 e 15), conhecido por seu tratado de ética “Iggeret Musar” (Por que as catástrofes vêm), que ele dirigiu na forma de uma carta, a um de seus discípulos, em 1415. Por sua vez, o rabino Salas enalteceu a importância social e cultural da instalação do novo centro de estudos, principalmente para os Bnei Anussim que querem estudar a Torah (Pentateuco).
O evento contou com a divulgação de José Levy Domingos, de Trancoso.
Fonte: COISAS JUDAICAS
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