Um político de extrema-direita da Hungria quer que o governo do país faça uma lista de judeus que representam “risco à segurança nacional”, causando ultraje entre líderes semitas que receberam a proposta como um eco das políticas facistas que levaram ao holocausto.
Marton Gyongyosi, um dos líderes do partido Jobbik, o terceiro maior do país, disse que a medida se faz necessária por conta do aumento das tensões em Gaza e que os membros judeus do parlamento também deverão se incluídos na lista.
“Sou um sobrevivente do Holocausto”, disse Gusztav Zoltai, diretor executivo da Associação das Congregações de Húngaros Judeus. “Para pessoas como eu, essa atitude gera medo, mesmo que saibamos que seja uma fala com propósitos políticos claros. Isto é a vergonha da Europa, a vergonha do mundo”, completou.
Entre 500 e 600 mil judeus húngaros morreram durante o Holocausto, segundo o Memorial do Holocausto em Budapeste.
Gyongyosi fez sua proposta após a declaração do ministro de Relações Internacionais, Zsolt Nemeth, de que o país é a favor da busca de uma solução pacífica para o conflito entre Israel e Palestina.
O parlamentar da ultra-direita, de 35 anos, é filho de um diplomata e cresceu vivendo principalmente no Oriente Médio e na Ásia. O escritório de Gyongyosi tem como decoração lembranças iranianas e turcas.
Laszlo Kover, porta voz do parlamento e membro do partido líder Fidesz, também se pronunciou, solicitando que as regras da Casa sejam mais estritas para impedir medidas como a sugerida por Gyongyosi.
Para tentar aliviar as críticas, Gyongyosi disse nesta terça-feira (27) que, ao sugerir a listagem, se referia aos cidadão com dupla nacionalidade israelita-húngara. O site de seu partido mostrava ainda um pedido de desculpas: “Peço perdão a meus compatriotas judeus por minhas declarações, que podem ter sido mal compreendidas”.
Os discursos anti-semitas do partido costumam argumentar que judeus teriam usado sangue cristão em rituais religiosos.
“Os discursos do Jobbik passaram de superstições medievais (dos rituais de sangue) a ideologias nazistas”, escreveu Slomo Koyes, rabino chefe da Congregação Judaica Unificada da Hungria.
O Jobbik foi registrado como partido político em 2003 e ganhou influência à medida que se tornava mais radical. O grupo ganhou notoriedade ao fundar a Guarda Húngara, um núcleo de vigilantes desarmados formados por grupos remanescentes da extrema-direita da Segunda Guerra Mundial. O partido ingressou no parlamento de seu país nas eleições de 2010 e detém 44 de seus 386 assentos.
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