Estiagem revela esgotamento dos mananciais que abastecem a Grande Florianópolis
Maior manancial de água tratada da Grande Florianópolis, barragem do rio Vargem do Braço está com vazão baixa
MarcoSantiago /ND
Rio Vargem do Braço, na serra do Tabuleiro, exige atenção redobrada nos serviços de manutenção e limpeza dos filtros
Protegidos pela mata virgem do morro dos Quadros, na serra do Tabuleiro, os pilões esculpidos pela água no leito rochoso do rio Vargem do Braço estão novamente à mostra. Sinal de alerta para quem monitora de perto o manancial que, fora da temporada de verão, abastece entre 900 mil e um milhão de pessoas em cinco municípios da Grande Florianópolis.
“O sistema opera no limite”, confirma o engenheiro sanitarista e ambiental Bruno Kossatz, que coordena a manutenção preventiva e as manobras operacionais para garantir o abastecimento na região.
Evitar o colapso nos períodos de pico de consumo não é a única preocupação do engenheiro Bruno. O que causa insônia mesmo é não saber de onde tirar água para atender o aumento descontrolado do consumo, causado pelo crescimento da população urbana e inevitável esgotamento dos recursos hídricos.
“Em Florianópolis, já não há mais pontos de captação superficiais a explorar, e precisamos ir cada vez mais longe, no Continente, em busca de novos mananciais”, diz. Com a maioria das nascentes secas, rios poluídos e assoreados, restaram a lagoa do Peri, no Sul, e a o aquífero Ingleses, Norte da Ilha.
Em Pilões, as manobras têm sido diárias para manter a vazão ecológica e o curso natural do rio, abaixo da represa da Casan (Companhia Catarinense de Água e Saneamento), construída em 1945. Quando o nível de água retida não transborda, apenas fiapos atravessam abaixo da barragem e um dos registros é fechado, como se repetiu na semana passada. Nestes períodos, a captação de água bruta cai de 2.200 para 1.200 litros por segundo, em média. “Muito abaixo do necessário para atender o aumento do consumo no verão”, diz Kossatz.
Sem alarmismo, o engenheiro da Casan espera que o ciclo de chuvas volte ao normal já em janeiro, para recarga emergencial dos mananciais. “Esperamos não chegar a este ponto, mas se o quadro não mudar, o racionamento com rodízio será inevitável”, avisa.
Longo caminho pela montanha
Do ponto de captação no morro dos Quadros, na localidade rural de Sertão do Braço São João, em Santo Amaro, onde predominam criações de bois zebus e plantações de milho verde, quatro grandes adutoras seguem o curso sinuoso do rio Vargem do Braço. Resultado de ousado projeto de engenharia e mão-de-obra que enfrentou os desafios da mata, 68 anos atrás, a tubulação escura de longe parece uma estrada de ferro contornando a encosta da montanha.
Depois de cruzar desfiladeiros e corredeiras, ora aparentes ora subterrâneas, as adutoras despejam por gravidade a água bruta na estação de tratamento, no Alto Aririú, em Palhoça, a 10 quilômetros da represa de Pilões. Ali, passa pelos processos de filtragem e pela casa de química, onde são adicionados cálcio em gel (hidróxido de cálcio), coagulante da sujeira (sulfato de alumínio) cloro gasoso e flúor (para prevenção da cárie dentária), como determina a portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde.
Municípios atendidos
- Florianópolis
- Santo Amaro
- Palhoça (municipalizado)
- São José
- Biguaçu
População
- Grande Florianópois – 1.012.831
- Capital – 427.298
Ilha/consumo
- 50% - Norte da Ilha
- 30% - Sul/Leste da Ilha
- 20% - Centro
Fonte: NOTÍCIAS DO DIA
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