MESMO SEM CONHECER O CONTEÚDO DA OBRA, PENSO QUE DEVE SER INTERESSANTE E MERECE SER LIDA, OBVIAMENTE COM UM OLHAR CRÍTICO BEM INTENCIONADO.
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Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Uma longa viagem dos alemães até o Paraná
Livro detalha os acontecimentos que levaram imigrantes alemães de diferentes regiões a ocupar cidades do estado e de Santa Catarina
Publicado em 29/12/2012 | POLLIANNA MILAN
Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Construção que atendeu crianças alemãs existe até hoje nas proximidades do Shopping Mueller
Miscigenação
Alemães de Trier foram os primeiros a chegar ao Paraná
Diferentemente dos alemães do Volga e dos menonitas, os de Trier e os bucovinos não foram para a Rússia. Estes grupos se formaram nas regiões de Bucovina e Baviera, que integravam o império austro-húngaro. Eles eram de formação católica e foram expulsos dali com a guerra russo-turca de 1829.
Decidiram partir para o Brasil por volta de 1887, mesmo sem a autorização das autoridades austríacas. “Viajaram sem o passaporte porque tinham muitos filhos que precisavam servir ao Exército. Ocuparam Rio Negro (PR) e Mafra (SC)”, explica o pesquisador e historiador Estevão Müller.
Os alemães de Trier foram os primeiros a chegar ao Paraná, em 1829, em Rio Negro. Pertenciam à cidade de Trier, fundada por romanos comandados pelo imperador Augusto. A imigração desses alemães a Curitiba foi bastante miscigenada. Começou com o primeiro alemão de nome Michel Müller,em 1833.
Depois dele, migraram para cá diversas outras famílias alemães e suíças que, se misturaram à sociedade e não ficaram em colônias isoladas.
Educação
Chegada trouxe primeiro jardim de infância da capital
Assim que chegaram ao Brasil, os alemães começaram a criar nas cidades onde se instalavam tudo o que precisavam para continuar a ter uma vida cultural e cívica semelhante à que tinham nas regiões de origem. Assim foi erguida a primeira escola de jardim de infância em Curitiba – a construção existe até hoje nas proximidades do Shopping Mueller.
Foram os alemães que também criaram o maior número de associações, como as de música, canto e tiro ao alvo. “São entidades que ajudaram a preservar a identidade deles, como a culinária e a própria língua”, explica o historiador Marlon Ronald Fluck.
A Alemanha, nessa época, era uma confederação germânica liderada pela Prússia e Áustria. Foi o último país europeu a virar Estado autônomo, em 1871, logo depois da Itália. Mas, antes de formarem um país independente, as pequenas regiões que comporiam a atual Alemanha enfrentaram crises que obrigaram parte de sua população a migrar.
No século 18, houve uma redução da taxa de mortalidade, o que agravou a distribuição de terras entre as famílias. E, com a Revolução Industrial, as famílias que viviam da indústria caseira da tecelagem entraram em crise e tiveram de buscar outros países onde pudessem manter o trabalho que sabiam desenvolver. Não bastasse isso, luteranos e menonitas não queriam servir ao Exército – não admitiam ter de matar por uma questão de fé. A eles, não restou outra alternativa, a não ser migrar.
Parte desses alemães migrou para a Rússia a convite da czarina Catarina II, a Grande, com promessas de serem dispensados do Exército e viverem em regiões isoladas e com autonomia. Os menonitas ocuparam desde a Ucrânia até a Sibéria. O nome vem de Menno Simons, sacerdote holandês que, ao reconhecer o valor da legitimidade do movimento restaurador da fé cristã, transformou-se em um dos maiores líderes desse movimento.
Outro grupo que migrou para a Rússia foram os alemães que ocuparam a região do Médio e Baixo Volga, por isso são conhecidos como alemães do Volga, ou teuto-russos.
Guerra civil
Quando eclodiu a guerra civil russa, as perseguições a esses grupos – menonitas e do Volga – começaram a surgir. Os comunistas mataram, torturaram e colocaram muitos deles em campos de trabalho forçado. Em 1929, o governo comunista chegou ao extremo de desapropriar-lhes as terras.
Desses, 5,7 mil conseguiram escapar das perseguições e a maioria veio ao Brasil a convite de D. Pedro II. Os menonitas vieram ao Brasil com a ajuda da Alemanha, pela companhia colonizadora chamada Hanseática, que havia adquirido grandes áreas montanhosas em Joinville. Ali eles criaram a colônia de Witmarsum, que depois virou cidade.
Outra parte veio ao Paraná e aqui criou a colônia Witmarsum, nos Campos Gerais. Os do Volga montaram a Colônia Mariental na Lapa (PR) e foram também para as regiões de Palmeira e Ponta Grossa, onde formaram distintos núcleos como o de Pugas, de Quero-Quero e de Johannesdorf.
Fonte: GAZETA DO POVO
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