Comissária europeia em campo de detenção de migrantes na Grécia; país é criticado por 'maus-tratos'
A Grécia enfrenta uma "crise humanitária" por conta dos maus-tratos a solicitantes de asilo e imigrantes irregulares, aponta um recente relatório da Anistia Internacional.
A ONG de defesa dos direitos humanos acusa o governo grego de prender milhares de refugiados, incluindo crianças, em condições "vergonhosas" e "assustadoras".
A Grécia é uma importante porta de entrada para migrantes de países da Ásia e da África, em sua tentativa de entrar na União Europeia. Com a profunda crise grega, o cerco a estrangeiros passou a se tornar mais comum.
O relatório da Anistia aponta que a Grécia não está oferecendo sequer medidas básicas de segurança e abrigo para os milhares de solicitantes de asilo que passam pelo país.
"Ainda que o fardo (econômico) sobre a Grécia seja enorme, não há desculpas para os obstáculos impostos aos solicitantes de asilo em registrar seus pedidos", diz o texto.
Segundo a ONG, uma agência governamental criada em 2011 para analisar pedidos de asilo não processou nenhum caso até dezembro, alegando falta de pessoal.
"A Grécia está claramente fracassando em absorver e respeitar os direitos dos muitos migrantes que cruzam suas fronteiras com a Turquia", diz o porta-voz da Anistia, John Dalhuisen. "Não seria um exagero dizer que a União Europeia tem uma crise humanitária não além de suas fronteiras, mas dentro delas."
Crianças e xenofobia
O relatório destaca a saga de crianças desacompanhadas mantidas em "péssimas condições" no recém-aberto centro de detenção de Corinto, o que a Anistia chama de quebra de protocolos internacionais.
Além disso, o texto também chama atenção para o "aumento dramático" de ataques com motivações raciais, que têm ocorrido praticamente todos os dias.
Dalhuisen diz que muitos migrantes se veem "à mercê da violência" na capital, Atenas.
Para a ONG, criou-se um cenário de "pressão migratória sustentada, profunda crise econômica e crescente sentimento xenófobo".
O correspondente da BBC na capital grega, Mark Lowen, afirma que tem aumentado a pressão para que a Grécia desenvolva um sistema eficiente e justo de asilo e melhore suas políticas migratórias. Também a União Europeia é pressionada a apresentar soluções concretas para o problema.
Recentemente, Atenas anunciou que o governo vai fechar as fronteiras gregas, para evitar os "problemas sociais" causados pela chegada de um grande número de imigrantes.
Um alto funcionário do Ministério do Interior em Atenas disse à BBC que cerca de 130 mil pessoas são detidas todos os anos ao tentar entrar ilegalmente no país.
Ao mesmo tempo, o partido de extrema direita Amanhecer Dourado vê sua popularidade crescer com uma plataforma ultranacionalista e contra as medidas de austeridade impostas no país, ganhando 18 assentos no Parlamento. O partido culpa a imigração ilegal por parte dos problemas econômicos do país.
Fonte: BBC
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