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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

México lucra com profecia maia do 'fim do mundo'



Alberto Nájar
Da BBC Mundo, na Cidade do México


Loteria Nacional do México criou sorteios especiais com bilhetes com figuras maias

Banquetes preparados por alguns dos melhores chefs do planeta; concertos musicais, filmes, sorteios de loteria, concursos artísticos, encontros religiosos, exposições fotográficas, mergulho em rios subterrâneos, descontos na compra de automóveis...

Tudo isso é parte do catálogo de negócios gerados ao redor da suposta profecia maia que previa o fim do mundo no próximo dia 21 de dezembro.


Arqueólogos especialistas na cultura maia afirmam que a civilização antiga jamais previu uma catástrofe, mas sim mencionou em seu calendário o início de uma nova época.

Mas a desmistificação do tema não freia milhões de turistas que viajaram ao sudeste do México e a outros lugares da América Central onde se encontram os centros cerimoniais dos maias.

Até o governo mexicano aproveitou o interesse mundial sobre a eventual desaparição da espécie humana e há vários meses lançou uma intensa campanha de promoção na Europa e nos Estados Unidos chamada Mundo Maia.

A secretaria de Turismo diz que a estratégia teve sucesso e superou as expectativas iniciais.
Ceia do Fim do Mundo

O Estado de Yucatán, no sudeste do México, abriga a maior concentração de população de origem maia, e em seu território estão alguns dos principais centros cerimoniais da civilização.

Se a espécie humana realmente acabar no dia 21 de dezembro de 2012, a população de Mérida, capital de Yucatán, espera aproveitar até o último minuto.

Nesse dia será servida a Ceia do Fim do Mundo, um banquete de nove pratos preparados por estrelas internacionais da cozinha. O preço por cabeça é equivalente a R$ 810.

O novo Museu Maia de Mérida abrirá suas portas ao público no dia 21 de dezembro

Mas essa não é a única oferta para acompanhar de perto o eventual apocalipse. A sede mexicana da Renault oferece um de seus modelos com um ano de seguro grátis e com crédito sem comissões para a compra.

"Leve uma linda lembrança do fim do mundo", diz a publicidade da empresa, anunciada por uma fictícia assessora da empresa chamada Maya. "Confie em mim. Eu sei", diz a mensagem.

Além de comida e automóveis, o eventual apocalipse também serviu para se tentar a sorte. A Loteria Nacional organizou o sorteio Profecia Maia, que cada mês tem um prêmio de 8 milhões de pesos, o equivalente a R$ 1,3 milhão.

Os bilhetes da loteria trazem representações maias de alguns animais. A última edição do sorteio está programada para o dia 30 de dezembro - numa indicação de que lucrar com o boato não significa acreditar nele.
Favorecimento

Há ainda outros negócios amparados na ideia do fim do mundo. Em Tapachula, cidade no Estado de Chiapas, na fronteira com a Guatemala, foi organizada uma série de encontros religiosos para explicar a ligação da Bíblia com as profecias maias.

Também foram feitas neste ano no México mostras de cinema e exposições sobre a civilização maia. Houve ainda edições especiais de revistas, edições de livros, concursos de escultura, obras de teatro e concertos musicais.

Mas até agora, o negócio mais importante é o turismo internacional. Segundo a secretária de Turismo do governo federal, Gloria Guevara Manzo, o objetivo inicial da campanha do governo era receber 52 milhões de turistas em 18 meses nas regiões de influência maia, mas até agora já foram registrados 62 milhões e a projeção indica um total de 80 milhões ao final dos 18 meses.

Porém alguns especialistas criticam a campanha do governo, afirmando que ela se utiliza de uma cultura milenar para favorecer grupos empresariais.

Também questionam que outros departamentos do governo, como o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), desmintam as supostas profecias maias e ao mesmo tempo as utilizem como tema de campanhas e negócios oficiais.

Fonte: BBC

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