“Senhoras e senhores, perdemos. A Grécia morreu”
REUTERS
Muitos votantes do “não” no referendo sentem-se agora traídos com o acordo alcançado com os credores, que impõe mais austeridade. Partido neonazi deverá crescer com a forte insatisfação popular
Alex Karakostas, de 39 anos, é o rosto do desalento que muitos gregos sentiram esta segunda-feira ao nascer do dia. A notícia do acordo alcançado com os credores internacionais, que impõe uma dose reforçada de austeridade a um país já cansado dela, encheu-o de tristeza e “frustração”. O firme defensor do Syriza e fervoroso votante do Não no referendo do passado dia 5 sente-se, agora, “traído” por Tsipras e esvaziado da réstia de esperança a que até hoje se agarrava.
Ao acordar, deixou no Facebook, sem poupar nas palavras, a desilusão que lhe vai na alma: “Senhoras e senhores, perdemos. Perderam os que votaram Sim e perdemos nós, os que dissemos Não. Perdemos todos porque a Grécia morreu. As lojas vão fechar, o desemprego vai subir, a agricultura será destruída, os jovens vão emigrar, as pessoas vão suicidar-se. Tudo o que aconteceu nos últimos cinco anos vai continuar a acontecer. A Europa, tal como existe neste momento, não oferece qualquer esperança. Os que quiseram ficar na União Europeia a qualquer custo vão descobrir isso em breve”.
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A primeira greve na governação Syriza: funcionários públicos param em protesto contra o acordo
Mural pintado numa das ruas de Atenas
ORESTIS PANAGIOTOU / EPA
É a primeira greve nos primeiros seis meses de Governo Syriza. Contestação nas ruas deve-se ao princípio de acordo entre Tsipras e os credores, que prevê mais medidas duras para o país
A confederação dos sindicatos dos funcionários públicos gregos, Adedy, convocou uma greve e manifestações para Atenas e outras cidades gregas, em protesto contra as medidas de austeridade previstas no princípio de acordo estabelecido entre Tsipras e os credores. A paralisação está marcada para esta quarta-feira, precisamente o dia em que o parlamento grego deverá aprovar mais austeridade.
“Fazemos um apelo para uma greve de 24 horas, ao mesmo tempo que se vota o acordo antipopular e para uma manifestação na Praça Syntagma”, refere um comunicado da Adedy.
Esta segunda-feira à tarde já tiveram início protestos conta o pacote de reformas que aí vem, que contempla a subida de impostos e cortes de pensões necessários para o acordo que permitirá à Grécia receber até 86 mil milhões de euros de apoio financeiro. Sem esse empréstimo, a economia grega sofrerá um forte abalo, que eventualmente levará o país a abandonar o euro.
Esta Será a primeira greve nos seis meses do Governo de Alexis Tsipras, lider do Syriza. Antes de ser formado Governo, o Syriza apoiou diversas greves e protestos contra os programas de austeridade aprovados entre 2010 e 2014.
Fonte: EXPRESSO (Pt)
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