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terça-feira, 7 de maio de 2019

HITLER QUEIMOU LIVROS, BOLSONARO INVIABILIZA AS UNIVERSIDADES E EXTINGUE CADEIRAS

Adolf Hitler, pelo menos, era direto, não sutil, como o Coiso, que procura inviabilizar o ensino público, atinge universidades com redução de verbas, manda extinguir o ensino de Filosofia e Sociologia, o que os golpistas de 1964, bem me lembro, fizeram, em relação à última matéria, já no tempo em que eu era secundarista, no curriculum das Escolas Técnicas. 
A intenção é pra lá de óbvia: evitar que o povo se instrua, aprenda a votar e defenestre picareta como ele e seus filhos, que são "contra o Estado", mas vivem pendurados nas tetas do mesmo.

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 A praça da ignorância

Em Berlim, Bebelplatz foi palco de um dos episódios mais emblemáticos do nazismo: a queima dos livros. Fogueira pública marcou auge da perseguição a intelectuais, que começara com denúncias contra professores.
Em 10 de maio de 1933, nazistas queimaram livros em Berlim na atual Bebelplatz Em 10 de maio de 1933, nazistas queimaram livros em Berlim na atual Bebelplatz

De praça, quase não tem nada: não há banco para descanso, árvore ou gramado. Parece mais um calçadão, que liga a avenida Unter den Linden à rua Behrenstrasse. No meio da Bebelplatz, no entanto, algo chama a atenção dos mais atentos: uma placa de vidro cobrindo um buraco no chão. Dentro dele, prateleiras brancas vazias.
O monumento lembra um dos episódios mais emblemáticos do período nazista. Em 10 de maio de 1933, livros de intelectuais considerados críticos ou que não se encaixavam no padrão pregado pelo regime de extrema direita comandado por Adolf Hitler foram queimados em praças públicas em várias cidades da Alemanha.
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Em Berlim, o palco deste ato de intolerância foi a Bebelplatz, que na época era chamada de Praça da Ópera. Em frente à praça estava o prédio da Universidade Humboldt de Berlim. Muitos universitários participaram deste ato de barbárie. Os livros queimados pertenciam principalmente às bibliotecas públicas e universitárias.
Para não esquecer: uma placa de vidro cobrindo um buraco no chão; dentro, prateleiras vazias Para não esquecer: uma placa de vidro cobrindo um buraco no chão; dentro, prateleiras vazias

Entre os autores dos livros queimados estavam Karl Marx, Friedrich Engels, Sigmund Freud, Stefan Zweig, Thomas Mann, Bertold Brecht, Erich Kästner, e Ricarda Huch. A maior parte da "lista negra" dos extremistas de direita era composta por obras de Ciências Humanas. Deveriam ser banidos, sobretudo, livros de filosofia, sociologia, história e ciências políticas que colocassem em xeque a ideologia do regime ou abrissem espaço para um debate.
A queima dos livros marcou o auge da perseguição aos intelectuais, que havia começado lentamente e vinha sendo praticamente ignorada pela opinião pública por muito tempo. A propaganda era alma do negócio para atrair seguidores.
Primeiro foi publicado um manifesto defendendo a cultura alemã e pregando acabar com supostas mentiras. Logo em seguida veio a perseguição a professores. Estudantes deveriam denunciar professores judeus, comunistas e aqueles que fizessem críticas ao regime ou a Hitler.
Depois veio a decisão de banir livros de intelectuais que "alienavam a cultura alemã". Obras foram saqueadas de bibliotecas e, em 10 de maio de 1933, jogadas em fogueira pública. Em Berlim, o ato símbolo da intolerância contou com a presença de Joseph Goebbels – o ministro da Propaganda do regime nazista.
Hoje na Bebelplatz, próximo ao monumento que lembra deste episódio histórico, há uma placa com a frase do poeta alemão Heinrich Heine (1797-1856): "Onde se queimam livros, acabam-se queimando pessoas." A frase, escrita décadas antes, soa como uma premonição dos horrores que estavam por vir nos anos seguintes...
A Bebelplatz ganhou esse nome após a Segunda Guerra Mundial, mas poderia muito bem ser chamada de praça da ignorância. Afinal, marca o episódio que visava combater o conhecimento, a capacidade de reflexão proporcionada pela leitura e silenciar qualquer debate crítico. Ao acusar intelectuais, o regime nazista buscava a hegemonia de seu viés ideológico de extrema direita e promovia a ignorância como meio de manipulação da população.
Clarissa Neher é jornalista da DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.


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