IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO
O encontro é na estação rodoviária do Tietê, em São Paulo. A previsão é de um dia quente. Vamos a Joanópolis, no interior do Estado, para participar do workshop "Íntimo e Pessoal".
Criado pela terapeuta corporal e dançarina Dúnia La Luna, 36, o curso tem como proposta "aprofundar o prazer e a sexualidade cultivando a feminilidade sagrada".
O tema é abstrato, mas as instruções são concretas: a participante deve ir com calças largas ou saia longa, levar biquíni e gel lubrificante.
Maria do Carmo/FolhapressA
A terapeuta corporal Dúnia La Lua (de azul) e alunas no workshop; no centro, a agrônoma Mbatuya Medina, 27, incensa sua vagina
Os preparativos antes do curso incluem testar a força do assoalho pélvico e completar um questionário em que a aluna classifica de zero a dez o próprio desempenho sexual e seu conhecimento do corpo.
A agrônoma Mbatuya Medina, 27, uma das seis alunas que pagaram R$ 330 pelo encontro, afirma que se deu nota dez nesses itens (no decorrer do workshop, disse que iria rever a classificação).
Seu objetivo no curso é procurar orientação de alguém com mais experiência sobre sexualidade e "ser mulher".
Dúnia conta que foi introduzida nos mistérios da feminilidade sagrada aos 16 anos, por sua professora de dança oriental. Aprofundou-se estudando a sexualidade da mulher na história e fazendo cursos de terapias corporais e pompoarismo.
O workshop é feito em seu próprio espaço, a Casa Hetaira. Casa o quê? O tópico aparece na abertura das atividades, quando Dúnia fala de deusas sensuais e mulheres poderosas, como as hetairas, cortesãs da Grécia Clássica.
SACERDOTISAS DO AMOR
Enquanto bebemos água temperada com alecrim ("para despertar os sentidos"), ouvimos que toda mulher pode se tornar uma sacerdotisa do amor se valorizar o seu corpo e a si mesma e redescobrir o poder de sua vagina.
A programação a seguir é o "ritual da beleza", na cachoeira. É quando os deuses da chuva aparecem no caminho das aspirantes a deusas do amor. Encaramos a lama da trilha vestidas com uma espécie de túnica longa e vaporosa cedida pela professora.
À beira da cachoeira, é preparada uma máscara cosmética de argila, para passar no corpo e no rosto. A chuva diminui e entramos na água gelada, formando uma roda.
"Eu mereço!", gargalha a professora Geralda de Lourdes, 47. Ela ainda não viu nada. O ponto alto da atividade é quando saímos da cachoeira e somos convidadas a incensar nossas vaginas.
RITUAL DE DEFUMAÇÃO
Em uma bacia de cerâmica são jogadas folhas de alecrim, guaçatonga, pétalas de rosa e lavanda. Além de purificar e perfumar, o incenso tem propriedades fungicidas, segundo Dúnia.
Uma a uma, as alunas cobrem a bacia com a túnica e se agacham, sentindo a fumaça subir pelo corpo. "Contraia os músculos ao redor da vagina", orienta Dúnia a cada defumação íntima.
A coisa esquenta. E dá fome. Uma bandeja de frutas é devorada no local, antes do almoço (cuscuz vegetariano).
Enquanto digerimos a comida e as experiências recentes, Dúnia dá uma breve aula sobre anatomia genital e apresenta uma bandeja onde estão as "pérolas do prazer" dentro de conchas fechadas.
Abre a primeira, é um cone para fortalecimento do períneo. Seguem-se bolinhas de pompoar e um vibrador. A instrutora explica os movimentos básicos do pompoarismo: contrair, sustentar, pulsar, sugar, expulsar.
Musculatura aquecida, ela ensina a combinar os movimentos com as articulações do quadril: prender e soltar as contrações junto com ondulações da bacia.
Antes que as alunas entrem em fadiga muscular, a professora muda o foco e demonstra manobras da massagem tântrica "lingam" (pênis em sânscrito) em um pênis de borracha.
A jornada se encerra com movimentos e massagens inspirados na dançaterapia. As deusas estão liberadas: hora de voltar para casa.
SERVIÇO
Próximo workshop
Data: 20/1/2013
Local: Casa Hetaira, em Joanópolis, SP
Preço: R$ 330
Contato: dunialaluna@gmail.com
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