Órgão continental mudou da posição adotada na segunda-feira, em que defendia a recontagem
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) reconheceu, nesta quarta-feira (17/04), Nicolás Maduro como presidente da Venezuela. “Desejamos ao presidente eleito o maior êxito no cumprimento de suas funções”, afirmou José Miguel Insulza, em sessão extraordinária do organismo multilateral, que ainda não emitiu comunicado oficial sobre a posição.
Maduro foi proclamado presidente da Venezuela na última segunda-feira (15), após ser eleito com 50,75% dos votos. O resultado é contestado por seu principal opositor, Henrique Capriles, que pede uma recontagem integral dos sufrágios. “A organização e a secretaria geral sempre foram respeitosas das decisões dos órgãos internos constitucionais dos países”, afirmou Insulza.
Inicialmente, em consonância com a posição dos Estados Unidos, a OEA se expressou a favor da reivindicação do candidato opositor, que obteve 48,98% dos votos. Capriles chegou a mencionar, nesta terça-feira (16), durante uma coletiva de imprensa, o respaldo do organismo multilateral à auditoria do resultado eleitoral. “Pedi aos chefes de Estado, no âmbito de sua política internacional, que advoguem para que se faça a recontagem (...) essa foi a posição da OEA”.
Agência Efe
O presidente venezuelano Nicolás Maduro saúda o público após ser eleito na noite de domingo
Na sessão de hoje, Insulza afirmou que intenção do organismo era “reforçar o que foi nossa intenção desde o começo, que não foi outra que nos associarmos à disposição de ambos os candidatos na noite da eleição de se submeter às recontagens que fossem necessárias”. Segundo ele, o intuito inicial era promover o apoio a um “diálogo efetivo entre as forças políticas do país para um avanço, sobretudo quando se produzem resultados tão estreitos”.
Em entrevista à Rádio Mitre, da Argentina, o secretário-geral explicou que a OEA queria um processo mais calmo. “Mas eles tomaram uma decisão e eu acato essa decisão", afirmou, complementando que “diante da divisão em duas partes do país, é preciso encontrar pontes”. Insulza deixou claro, no entanto, que estas pontes devem ser estabelecidas de “maneira soberana”: “Nós não devemos nos meter”, ressaltou, segundo o jornal argentino
Na noite de terça-feira (16/04), a presidente argentina Cristina Kirchner pediu que os Estados Unidos reconhecessem a eleição de Maduro. “Não incentivem as brigas, porque as brigas terminam em mortes. Pedimos [o reconhecimento] com humildade e respeito. Esta é a melhor maneira de honrar a paz, não só com discursos, mas com ações concretas”, afirmou, em referência aos incidentes registrados no dia anterior, quando Capriles convocou um panelaço contra a proclamação de Maduro como presidente.
"O intervencionismo dos Estados Unidos nos assuntos internos da Venezuela durante esses últimos meses e particularmente durante a campanha eleitoral foi brutal, vulgar”, afirmou Maduro nesta quarta. “Sua coordenação direta com a burguesia amarela [cor com a qual a oposição é identificada], corrupta, profundamente corrompida, é realmente obscena, ainda que tapada pelos meios de comunicação da burguesia”, disse o mandatário, em discurso realizado no Palácio de Miraflores.
Reconhecimento
Durante a sessão extraordinária da OEA o triunfo de Maduro foi defendido pelos países latino-americanos. Um comunicado do Mercosul – bloco comercial ao qual a Venezuela se integrou em dezembro do ano passado – foi lido pelo representante uruguaio, no qual se parabenizava o povo venezuelano pela alta participação eleitoral, superior a 80%, e se ressaltava o compromisso dos integrantes do bloco comercial com os princípios democráticos e a transparência do pleito.
A representante venezuelana no organismo agradeceu aos países da Unasul, Mercosul, Caricom e Alba pelas expressões de apoio "à decisão da maioria dos venezuelanos”. “Em 14 anos, realizamos 18 eleições e amadurecemos cada vez mais nossa consciência política”, disse, ressaltando aos integrantes do organismo que “os resultados de domingo foram os que o povo decidiu”.
“Exigimos respeito ao povo. Como em toda democracia, existem diferenças que nós saberemos resolver internamente”, complementou a venezuelana, afirmando que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) de seu país “é um organismo de ampla trajetória, possui um sistema fortalecido que não pode ser corrompido e que não será corrompido”.
Entre as nações europeias que reconheceram a proclamação de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela estão França, Portugal e Espanha, que alterou sua posição inicial ao reconhecer os resultados eleitorais. China, Rússia, Bielorússia, Irã, Coreia do Norte, Síria e África do Sul também enviaram cumprimentos a Maduro, reconhecendo sua vitória no pleito de domingo.
Fonte: OPERA MUNDI
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