De Ratones para o mundo
Há bom tempo, aprecio e tenho recomendado aos amigos (principalmente ao Paulinho Guedes - o "Paulinho Palhaçada", grande entendido e apreciador de música em geral) o trabalho primoroso da dupla abaixo. Sempre auxiliados por outros grandes músicos e com um repertório muito bem escolhido, é sempre um prazer ouvi-los.
Há bom tempo, aprecio e tenho recomendado aos amigos (principalmente ao Paulinho Guedes - o "Paulinho Palhaçada", grande entendido e apreciador de música em geral) o trabalho primoroso da dupla abaixo. Sempre auxiliados por outros grandes músicos e com um repertório muito bem escolhido, é sempre um prazer ouvi-los.
Sobra competência ao grupo que executa músicas tipicamente brasileiras e merecem ser prestigiados.
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Na minha relação de músicas preferidas, que ouço via YOUTUBE, encontram-se:
Ainda me recordo (De Pixinguinha)
Menino da Mangueira
Menina Flor (Show de pandeiros)
Amigo velho (Samba de gafieira)
Os oito batutas
Paraquedista
Se você jurar
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Zé da Velha e Silvério Pontes, ícones da música instrumental brasileira, fazem parte do DVD Casuarina
Eles tocaram com alguns dos melhores músicos que o Brasil já teve, como Pixinguinha e Tim Maia
Foto: Divulgação / Divulgação
Roberta Ávila
roberta.avila@diario.com.br
A Lapa é um bairro mítico no Rio de Janeiro. É lá que sambistas como Noel Rosa, Geraldo Pereira e Wilson Batista viraram a boemia que gerou grandes sambas e histórias. Ainda hoje, a vida noturna no local é intensa e o samba é o destaque. Foi com esse histórico em mente que o grupo Casuarina resolveu comemorar os 10 anos na Lapa. O resultado é o DVD Casuarina - Dez Anos de Lapa, que acaba de ser lançado.
Com participações especiais de grandes artistas como Lenine, cantando Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua. Entre os convidados, dois se destacam como ícones da música instrumental brasileira. Silvério Pontes, 42 anos, e Zé da Velha, 71, tocaram com alguns dos melhores músicos que o Brasil já teve, como Pixinguinha e Tim Maia. Em passagem por Florianópolis, em dezembro, para uma apresentação na Casa de Noca, os dois concederam uma entrevista ao Diário Catarinense. Confira o bate-papo:
Já vieram antes a Florianópolis?
Silvério Pontes - Tocando choro foi a primeira vez. Já conheço Florianópolis de muitos anos atrás. Vim nos anos 1990 com Tim Maia, toquei com ele muitos anos, inclusive num clube em Jurerê. Vim com o Luiz Melodia e com o Cidade Negra. Já fiz muito show aqui, Floripa para mim é o Rio de Janeiro com chantilly (risos). Foi o que eu li no DC. (risos)
Apesar de vocês tocarem chorinho, a sonoridade lembra muito o jazz.
Silvério - É, a gente toca um pouquinho de cada coisa. A nossa música é instrumental e eu acho que tem que ter um pouco de gafieira, choro, maxixe, samba e jazz também. Fazemos uma releitura da música dos anos 60 e 70. Dependendo da abertura do público, a gente interage passando por essas referências. Nossa música é boa para ouvir e para dançar.
A proposta é só instrumental?
Silvério - Olha, nós já tocamos com o Luiz Melodia, Paulinho da Viola, mas nossa proposta é essencialmente instrumental. O Zé já tocou com Pixinguinha, Altamiro Carrilho, Abel Ferreira, Copinha. A música brasileira instrumental é muito rica e pouco divulgada na TV e no rádio. Mesmo assim, nós temos um público muito grande Brasil afora e que assimila bem essa música.
Zé, como foi a experiência de tocar com músicos célebres como Pixinguinha e Altamiro Carrilho?
Zé da Velha - Ah, foi uma escola fabulosa. Eu comecei a estudar música com meu pai, que era alfaiate e toca saxofone. Eu tinha uns 14 anos. Fiquei sabendo de uma banda de Olaria, lá do Rio, e fui conversar com o mestre da banda, que disse para eu aparecer no ensaio. Comecei a estudar trombone de pisto. Passei para o bombanino e, depois, o trombone de vara.
A figura que me entusiasmou e até hoje eu agradeço a Deus por ter conhecido foi o Pixinguinha. A velha guarda. Com eles toquei com João da Baiana, Patrício Teixeira, Dumbo. Eles tavam com 60, 70 anos e eu com 17 e fui chamado para tocar no Bola Preta. Daí veio meu apelido, porque o pessoal dizia "Ah, aquele menino que toca com a velha guarda". Já toquei com muito instrumentista bom, mas a parceria com o Silvério é a mais duradoura.
Silvério - Ele me atura até hoje.
Zé da Velha - Haja paciência! (risos)
E que lembrança você tem desse pessoal da velha guarda?
Zé da Velha - Tem muita gente boa, mas o sentimento que Pixinguinha tinha dentro dele não tem igual. Isso me inspirou muito, tanto que continuei... (risos).
Quais as lembranças do Tim Maia?
Silvério - Ih, caramba, tem cada história! Tim Maia... Tim Maia era maluco. Ah, ele era maluquinho! (risos). Além de grande artista, grande cantor, era muito divertido. Era engraçado o tempo todo. Faltava em alguns shows? Faltava porque estava doidão, tinha bebido demais, mas é uma figura com quem eu aprendi muita coisa. Tinha 20 e poucos anos quando comecei a tocar com ele. Foi incrível ter tocado na banda dele, a Vitória Régia, que está em atividade até hoje, e agora se chama Banda do Síndico (Síndico era o apelido de Tim).
E as histórias?
Silvério - Tem uma engraçada. Eu tocava com o Tim e, em 1994, gravei o primeiro disco com o Zé. Um dia eu tinha uma aparição na TV com o Zé e avisei ao saxofonista da Vitória Régia que ia me atrasar para o ensaio. E o Tim adorava ensaiar, por ele passava o dia inteiro ensaiando e fumando maconha. Aí, quando cheguei, me avisaram que ele queria conversar comigo.
Entrei no quarto e o Tim tava deitadão, só de cueca, aquelas cueconas grandonas dele, fumando e com o vídeo-cassete do lado. Ele me disse: "Silvério, que história é essa de você estar gravando com o Zé Bodega? Ou você toca com a Vitória Régia ou com esse trombonista aí, o Zé Bodega". Aí eu falei: "Não, é o Zé da Velha".
Ele tinha gravado a gente, colocou nosso som alto para todo mundo ouvir e falou: "Pô, adorei esse som, muito bom". E daí já tava rindo, curtindo. Ele tinha dessas. Uma hora tava bravo, de repente, tava rindo. Era uma criança grande. Foi uma escola para mim porque o Tim deixava a gente tocar à vontade.
Você tocou com o Tim em Florianópolis.
Silvério - Tocamos em Jurerê e foi muito engraçado. Nós entramos no show e ele já estava maluco, tocou pouco para caramba... A crítica meteu o pau nele, mas foi bom... (risos)
Ele pegava no pé do pessoal dos metais?
Silvério - Nada! Folclore isso. Ele pegava no pé do técnico de som, fazia um chifrinho com a mão e cantava Me dê Motivo, pedia muito retorno, som alto. Mas com os músicos era tranquilo. Ele pegava mais no pé do baterista porque ele também tocava bateria.
E você e o Zé estão com projetos novos?
Silvério - Sim, estamos preparando nosso sexto CD juntos. É o álbum que marca 50 anos da carreira do Zé da Velha e 25 anos da nossa parceria. Tem muita coisa autoral, composição do Zé Menezes, Altamiro Carrilho, e um pouco de influência regional. Tem samba, bossa nova, gafieira. É alegre e bem gostoso de ouvir. Estará nas melhores e poucas casas do ramo que apoiam a música instrumental. (risos)
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
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