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quarta-feira, 16 de abril de 2014

DESSERVIÇO À ADVOCACIA - Fuga do advogado Maurício Dal Agnol é motivo de indignação em Passo Fundo



Entre possíveis prejudicados, há aposentados, profissionais liberais, empresários, comerciantes

José Valdemir Bianchin Gheno, 70 anos, viu a mulher definharFoto: Diogo Zanatta / Especial
Juliana Bublitz



No comércio, nas esquinas e nos bancos da Praça Marechal Floriano, no Centro, a fuga de Maurício Dal Agnol 






é motivo de indignação em Passo Fundo. O advogado, hoje, é um homem odiado no município de 185 mil habitantes. Os estragos causados pelo golpe que pode ter lesado 30 mil vítimas não são apenas econômicos. São também emocionais. Entre os possíveis prejudicados, estão aposentados, profissionais liberais, empresários, comerciantes.

— Está todo mundo revoltado — resume o químico Jocemar Castanho, 40 anos.

Entre as centenas de vítimas está o ex-padre José Valdemir Bianchin Gheno, 70 anos, que viu a mulher definhar por uma década sem ter condições financeiras de confortá-la no momento da dor. A mulher de Gheno chamava-se Carmelina Helena Comin e morreu aos 76 anos, em março de 2012. Não por acaso, ela dá nome à operação da Polícia Federal deflagrada para investigar Dal Agnol. Ex-freira, casou-se com Gheno, que largou a batina após 30 anos de sacerdócio, em 2004. Nessa época, já sofria de um câncer agressivo de intestino.

Antes de adoecer, moveu duas ações contra a Brasil Telecom, tendo Dal Agnol como advogado. Recebeu apenas parte do que tinha direito. Na fase terminal da doença da mulher, Gheno relata ter ido várias vezes ao escritório dele perguntar sobre as ações e ter ouvido sempre a mesma resposta:

— Ele dizia que o dinheiro ainda não tinha vindo, e eu estava desesperado, porque a gente precisava. Foi muito triste.

Ao descobrir que deveria ter recebido R$ 124 mil — e não R$ 17 mil, como teria informado Dal Agnol —, Carmelina o processou. Conforme o advogado Otto Bohm Júnior, que cuidou do caso, foi possível reaver o recurso, mas já era tarde demais. Ela estava em estado terminal.

O viúvo se emociona quando relembra o drama. Ao receber ZH em sua casa, na quinta-feira passada, não quis ser fotografado, mas fez questão de mostrar um retrato de Carmelina para que ela "não seja esquecida". Gheno pretende ir às ruas protestar ao lado de outros membros da associação de vítimas.

— Não podemos desistir até que todos os responsáveis estejam na cadeia — desabafa.

Histórias semelhantes se multiplicam. Um casal de aposentados que pediu para não ser identificado também diz ter sido prejudicado por Dal Agnol. Por intermédio do advogado, os dois entraram na Justiça contra a Brasil Telecom em 2007. Quatro anos depois, os R$ 120 mil repassados pela empresa, segundo a atual advogada do casal, Aline de Moura, teriam sido recebidos por Dal Agnol. Até agora, no entanto, os clientes não viram a cor do dinheiro.

— A gente ia até o escritório dele e sempre nos diziam que iam dar um retorno, que iam ligar quando o dinheiro entrasse. Nunca fizeram contato — lamenta a aposentada.

A sensação de impotência também tira o sono do empresário André Renato Bolner, 45 anos, de uma tradicional família da cidade. Ele afirma ter obtido apenas 10% do valor total efetivamente ganho com uma ação. Desconfiou que podia estar sendo enganado e foi mais de 40 vezes procurar Dal Agnol entre novembro de 2013 e fevereiro deste ano para pedir explicações.

— Meus pais estão muito mal de saúde, e eu venho dilapidando o patrimônio da família para cuidar deles. Tentaram me dizer que uma das minhas ações não tinha dado em nada, o que era mentira — afirma Bolner.

Dono de loja de materiais de construção, Lauri Manjoni, 47 anos, ainda tenta digerir o que aconteceu. Há 10 anos, ouviu falar da possibilidade de ser indenizado pela Brasil Telecom e autorizou seu contador a entrar em contato com Dal Agnol para avaliar a possibilidade de entrar na Justiça.

— Até já tinha esquecido aquilo quando soube que não tinha nada a receber. Mas, agora, descobri que era para eu ter recebido R$ 98 mil em 2012 — conta Manjoni.

Corredor de motocross, o comerciante diz que, se pudesse, usaria o dinheiro para comprar duas motos novas para ele e para o filho Vinícius, 16 anos, que também é competidor.


ZERO HORA

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