Poluição do ar atinge nível crítico em cidades alemãs
Nos primeiros meses do ano, índices registrados já ultrapassaram a quantidade máxima permitida para o ano todo. Poluição vem principalmente de carros.
Nos primeiros quatro meses do ano, o nível de poluição no ar em algumas cidades da Alemanha já atingiu a quantidade máxima permitida para o ano todo. A última medição da Agência Federal do Meio Ambiente (UBA) alemã revelou que a concentração de material particulado na atmosfera aumentou significativamente em 2014.
A União Europeia (UE) estabelece um limite de 50 microgramas por metro cúbico de material particulado em no máximo 35 dias por ano. Segundo a UBA, esse nível de poluição já foi registrado em Stuttgart em 36 dias. Também na capital Berlim a situação crítica se repetiu por 33 dias desses meses de 2014. Frankfurt do Oder (leste da Alemanha) Halle e Leipzig também estão perto do limite.
O material particulado é um conjunto de poluentes que permanecem suspensos no ar devido ao seu tamanho, podendo ser aspirado. Essas partículas são prejudiciais à saúde, podem causar câncer no pulmão e infarto. Segundo a UBA, cerca de 47 mil pessoas morrem na Alemanha anualmente em decorrência de doenças causadas pela poluição do ar.
Um dos principais poluentes são os carros. Essas partículas surgem através de processos de queima em motores, fábricas, sistemas de aquecimento e usinas de energia. Além disso, o desgaste de freio e pneus de automóveis, a criação de animais, a agricultura e processos naturais, como erosão do solo, também contribuem para aumentar o volume da poluição.
Nível está próximo do limite anual em algumas cidades como Berlim e Leipzig
Para o especialista em qualidade do ar da UBA, Arno Graff, o aumento da quantidade de material particulado no ar entre janeiro e abril é normal, devido às condições meteorológicas do período e ao uso do sistema de aquecimento em casas.
Neste ano, porém, diversos eventos contribuíram para elevar ainda mais esse nível, como as emissões de amoníaco provenientes da agricultura, pouca chuva e a poeira do Saara que chegou ao país em abril.
Incentivar a bicicleta
"As medidas descentralizadas para combater a poluição do ar nas cidades não são suficientes para controlar o problema", afirma Jens Hilgenberg, especialista em trânsito da Federação para Meio Ambiente e Proteção da Natureza da Alemanha (Bund).
Organizações ambientais no país exigem que o governo tome medidas para reduzir o trânsito de veículos nas cidades, incentivar o uso de bicicleta e ampliar a malha de ciclovias, estabelecer a obrigatoriedade de filtros para locomotivas movidas a diesel, navios fluviais, máquinas de construção antigas, além de impor regras mais rigorosas para sistemas de aquecimento e lareiras.
Em 2012/2013, a concentração de material particulado no ar nas cidades alemãs foi relativamente pequena, apenas em algumas estações foram medidos níveis acima do limite europeu. Mas em 2010/2011, a poluição ultrapassou o limite estabelecido em 40% das estações.
CN/dpa/afp
DW.DE
-=-=-=-=
Emissões mundiais da agropecuária dobram em 50 anos
Pela primeira vez, FAO analisou as emissões globais decorrentes da agricultura, pecuária, silvicultura e pesca. No Brasil, agropecuária é o setor que mais emite gases do efeito estufa.
As emissões de gases do efeito estufa provenientes da agropecuária, silvicultura e pesca praticamente dobraram nos últimos 50 anos. Até 2050, esse volume deve crescer 30% caso a expansão do setor continue no ritmo atual e nada aconteça para frear as emissões. O alerta é da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em um relatório divulgado nesta sexta-feira (11/04).
Esta é a primeira vez que as emissões da agricultura são calculadas em nível global. "Os novos dados da FAO são a fonte de informação mais completa já feita sobre a contribuição da agricultura para o aquecimento global. Até agora, cientistas e autoridades tinham dificuldades para formular decisões estratégicas como resposta para as mudanças climáticas devido à falta de informação. Essa lacuna também impedia os esforços para mitigar as emissões da agricultura", afirma Francesco Tubiello, da FAO.
O documento aponta que, em 2001, a agropecuária emitiu aproximadamente 4,7 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalentes (CO2e). Em dez anos, as emissões aumentaram 14%, atingindo um volume de 5,3 bilhões de toneladas de CO2e em 2011. O maior crescimento ocorreu nos países em desenvolvimento, que expandiram esse setor.
Em contrapartida, as emissões do uso do solo e desmatamento reduziram cerca de 10% no mesmo período. A média foi de três bilhões de CO2e. A queda do desmatamento foi a principal responsável por essa redução. No Brasil, dono da maior reserva de floresta tropical, o corte de árvores caiu 77,8% entre 2004 e 2011, segundo dados do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).
Uso em geral
O relatório aponta a pecuária como maior vilã do setor: a atividade foi responsável por 39% de todas as emissões em 2011. Os gases, principalmente o metano, são fruto da fermentação entérica, ou seja, do processo digestivo de bois, ovinos e caprinos. A expansão dessa atividade contribuiu para o aumento de 11% da produção de metano pelo gado entre 2001 e 2011. Índia e Brasil são donas dos maiores rebanhos bovinos do mundo.
Em 2011, emissões da pecuária correspondem a 39% do total
Nesse mesmo período, as emissões provenientes da aplicação de fertilizantes sintéticos aumentaram 37%. Em 2011, elas representam 14% da emissão total. A grande maioria dos gases do efeito estufa provenientes da agricultura, ou seja 45%, vieram da Ásia, seguida pela América com 25%, da África com 15%, da Europa com 11% e da Oceania com 4%.
O relatório também mediu as emissões resultantes do uso de energia no setor agrícola como, por exemplo, a eletricidade e combustíveis fósseis queimados nessas atividades. Em 2010, essa taxa foi de 785 milhões de toneladas de CO2e, representando um aumento de 75% em relação a 1990.
Emissões brasileiras
No Brasil, segundo os dados oficiais mais recentes, a agropecuária é a líder de emissões no país, responsável por 35% de todas as emissões de CO2e desde 2010. O volume total emitido pelo setor naquele ano foi de 437,2 milhões de toneladas. Em relação a 2005, houve um crescimento de 5,2%.
Essa elevação ocorreu devido à expansão do rebanho bovino e ao aumento do uso de fertilizantes nitrogenados. Para reduzir as emissões neste setor, o governo brasileiro lançou em 2010 o programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC). O país pretende reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões de gases do efeito estufa até 2020 com base nos números de 1990.
Uma das principais metas do plano é a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas. Se cumpridos, os objetivos podem contribuir para uma redução de 133,9 milhões de toneladas até 162,9 milhões de CO2e.
Nenhum comentário:
Postar um comentário