Mauro Santayana
A Nação amanheceu, nesta segunda-feira, ainda sob o efeito da estressante espera pelos números, liberados ontem à noite, pelo TSE, e o calor da longa e intensa campanha eleitoral que emocionou o país. Ao contrário do que muitos poderiam esperar, em um e em outro campo, Aécio Neves e Dilma Roussef, em seus discursos depois da apuração, não insistiram em novos ataques ou acusações, nem cederam espaço para a frustração e o ódio, ou ao triunfalismo vazio.
Nem a um, nem a outro, pode-se negar experiência política. Os dois sabem que, no poder ou na oposição, lhes caberá conduzir a nação, nos próximos quatro anos, até as eleições presidenciais de 2018, a salvo daqueles que se recusam a aceitar o resultados das urnas, e que são saudosistas do autoritarismo, e que não veem, nem em Dilma, nem em Aécio, e nem no atual sistema político, a solução para os problemas da Nação.
Enganam-se os que supõem encontrar-se o país dividido apenas entre o PT e o PSDB. A crescente radicalização dos últimos anos deu origem a um terceiro grupo. Aquele que despreza e abomina a democracia, atribuindo-lhe a responsabilidade por toda e qualquer mazela que houver no Brasil. Ele empenha-se, com solércia, dentro e fora das redes sociais, e do espaço de comentários dos meios de comunicação, à pregação e manipulação antidemocrática e à permanente sabotagem do Estado de Direito.
Para esse grupo, assim como para nossos adversários de fora do país, quanto pior melhor, e o principal caminho para dominar-nos, é dividir o Brasil.
Depois de suas palavras de ontem, seria fundamental que Dilma promovesse, o quanto antes, um encontro com Aécio, e com todas as lideranças partidárias com representação no Congresso, para estabelecer, sem abrir mão das conquistas alcançadas nos últimos anos, uma agenda comum, para ser encaminhada ao Legislativo.
Ao falar em unir a nação e estender pontes, entre as várias correntes políticas e a sociedade civil, as duas principais lideranças do país - definidas por milhões de votos obtidos de cerca de 80% do eleitorado nacional - não se referem apenas à Reforma Política, ou a outras missões inadiáveis, no campo da economia e do combate à corrupção.
Dilma e Aécio sabem que, ou os partidos e os setores mais organizados da sociedade civil se mobilizam, para levar a cabo um amplo pacto de defesa e valorização da democracia, ou o complexo equilíbrio em que se sustentam as instituições republicanas se verá erodido pelo ódio e a desinformação, que já imperam, hoje, na internet e junto a ponderável parcela da população.
Como disse em seu pronunciamento, Dilma tem plena consciência das dificuldades e das graves responsabilidades que a esperam em seu segundo mandato.
Aécio, por outro lado - com as lições que certamente recolheu dessa campanha - intui que a defesa da democracia e da união do povo brasileiro, em torno de um grande projeto de desenvolvimento, são ideias mais fortes e adequadas, do que apostar no aprofundamento do confronto, para pavimentar, eventualmente, seu caminho, até a meta que deseja, ou pretende, alcançar.
Fonte: http://www.jb.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário