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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Paraguai: A corrupção no ensino privado

Assunção (Prensa Latina) O estalido de um verdadeiro escândalo de corrupção no seio do ensino privado na Paraguai acaba de unir-se à já grave situação existente na área pública que mantém vivo o confronto entre os docentes e o governo do presidente Horacio Cartes.Encerramento de universidades, intervenção de outros centros, divulgação de um desenfreado sistema de venda de diplomas, são fatos que ganharam principais manchetes da imprensa paraguaia nestes dias e acordaram pronunciamentos indignados de organizações sociais e políticas do país.

Tudo começou-desde o ponto de vista da divulgação em massa- ao se descobrir um lucrativo negócio aberto de entrega de diplomas de especialidades da assistência médica a um grande número de pessoas que, inclusive, já estavam trabalhando em centros hospitalares estatais e privados.

Correspondeu a uma reportagem do Canal 13 da televisão descobrir o que ocorria no Instituto Técnico Superior de Formación Profesional Santa Librada, grande empresa onde em menos de 48 horas era possível obter, sem necessidade de estudar nem a cartilha, a licenciatura em enfermaria ou um título de especialista em anestesia, por exemplo.

Claro que tinha uma tarifa de preços para estas facilidades muito conhecidas entre os interessados e o acesso a esses documentos custava, pelo menos, uns mil 500 dólares.

A contundente e detalhada denúncia desviou a atenção de todos para o mencionado Instituto Superior, existente graças a sua aprovação pelo Senado da República, que começou a procurar, sempre sob a pressão do escândalo desatado, nas atividades de Santa Librada e de seus alunos "graduados".

O primeiro problema suscitou-se no importante Instituto de Previsão Social que conta com hospitais e outros centros destinados a prestar serviço a seu mais de meio milhão de filiados.

A primeira investigada permitiu detectar 74 pessoas procedentes da instituição privada que prestam ali seus agora questionados serviços e os quais foram suspensos em seus cargos enquanto comprova se têm realmente capacidade para os desempenhar, ação igualmente empreendida em outras instâncias.

Frente o flagrante delito e apesar da oposição de uma parte do plenário, a Câmera de Senadores revogou a lei que tinha criado a mencionada Casa de Estudos, ordenando às autoridades apropriadas o fechamento de suas instalações e a revisão dos títulos de 540 de seus formados.

Mas como em uma corrente de acontecimentos a Universidade Católica de Assunção decidiu expulsar 41 estudantes de sua Faculdade de Direito, implicados na compra de notas.

Foi o próprio reitor, Michel Gibaud, que confirmou a medida adotada e assinalou que estava totalmente comprovada a compra de notas nesse lugar, ainda que assegurou rapidamente que os vendedores eram servidores públicos da Universidade, quem estabeleceram esse negócio as costas dos professores.

Essa em massa expulsão e as palavras do Reitor obrigaram primeiro um promotor e depois a um juiz a imputar os estudantes compradores de notas e aos servidores públicos implicados que, por suposto, tinham acesso às qualificações e notificações oficiais, que deverão enfrentar julgamento.

A promotora Teresa Sosa informou que os alunos violadores da ética pagavam o custo solicitado antes dos exames, se ausentavam no dia da prova, mas apareciam depois na lista de aprovados.

Era tão fácil que um deles chegou a comprar por atacado, pois adquiriu boa qualificação em 39 exames e sua excelente situação econômica lhe permitiu pagar até mais de 200 dólares por cada uma, segundo as investigações.

Mas tudo não terminou aí e outro caso emblemático foi a intervenção da Universidade Sul-americana decretada pelo Conselho Nacional de Educação Superior por oferecer e vender a seus alunos a carreira de Medicina sem contar com a habilitação correspondente para isso.

Trata-se de uma das principais universidades privadas que funciona na nação e oferece licenciaturas em numerosas carreiras, entre elas Direito, Administração de Empresas, Enfermaria, Medicina, Psicologia, Contabilidade, Nutrição, entre outras.

Conta nada menos que, com filiais em sete dos departamentos paraguaios e alguns ex alunos da carreira de Medicina, descobriram não tinha autorização para a oferecer, além de estar implicada em delitos de lavagem de dinheiro e associação criminosa e fizeram a denúncia.

Para o cúmulo, também não contava com autorização para ditar mestrados, mas fazia-o e contava até com um convênio com a Associação de Juízes do Paraguai pelo qual fiscais, juízes e advogados obtinham esses títulos pagando mensalmente uma quota de 250 dólares.

Em um relatório remetido ao Congresso Nacional comprovou-se que nem sequer tinha dados claros sobre o número de alunos e professores nem das matérias dadas por eles para ditos mestrados.

Na mesma forma ilegal davam as carreiras de Medicina a Universidade Internacional Três Fronteiras e a Universidade Politécnica e Artística do Paraguai, situadas na cidade de Pedro Juan Caballero, departamento de Amambay, e também de caráter privado.

O desmoronamento moral deste setor do ensino privado no Paraguai constituiu outra evidente crise para a exploração comercial da educação em um Estado que sofre também graves deficiências no setor público dessa importante ferramenta para o desenvolvimento.

*Correspondente da Prensa Latina no Paraguai.


Em/jrr/cc

Fonte: http://www.prensalatina.com.br/

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