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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Filha de alemão relembra convivência com judeus refugiados no Brasil



Judeus e perseguidos políticos foram salvos do nazismo pelo professor Hermann Görgen durante a Segunda Guerra. Ele criou uma fábrica em Juiz de Fora (MG) como estratégia para trazer os refugiados da Europa


Publicação: 26/11/2014 06:03 Atualização: 26/11/2014 09:54



Beatriz Vocurca, 80 anos, acompanhou de perto as reuniões dos refugiados


A presença de um grupo de estrangeiros falando línguas diferentes e discutindo a movimentação de tropas na Europa é uma das primeiras memórias que Beatriz Maria de Castro Vocurca, de 80 anos, tem de sua infância em Juiz de Fora. Aos 7 anos, mesmo sem entender o que estava se passando durante a Segunda Guerra Mundial, ela acompanhou de perto as reuniões do pai, imigrante alemão que trabalhava na Prefeitura de Juiz de Fora, com integrantes do grupo do professor Hermann Mathias Görgen, historiador e filósofo alemão que planejou a vinda de 48 judeus e perseguidos políticos do regime nazista para Minas Gerais, em 1941 — tema de série de reportagens publicadas desde domingo pelo Correio/Estado de Minas.

“Meu pai, Hugo Vocurca Filho, veio para o Brasil durante a Primeira Guerra e era o chefe de obras da prefeitura. Na década de 1940, já bem adaptado por aqui e como era um dos poucos que falavam alemão, foi escolhido para orientar aquele grupo de refugiados quando eles chegaram no interior mineiro. Eles se reuniam em nossa casa quase toda noite, estudavam mapas da Europa, discutiam muito sobre a guerra e os avanços de militares, falavam francês, alemão e, às vezes, português”, explica Beatriz, que mora hoje em Belo Horizonte.


O pai de Beatriz manteve contato com o professor alemão após ele retornar para a Alemanha, na década de 1950. A família dela visitou Görgen e sua mulher, Dori Schindel, em Bonn. “A passagem deles pelo Brasil foi cheia de momentos tensos. Era um sentimento de insegurança, tanto pela situação pela qual passava a Europa, quanto pela necessidade de se adaptar em um lugar onde eles não falavam a língua local e não conheciam bem os costumes. Eles também não conseguiam manter contato com parentes que ficaram em seus países porque era perigoso. O professor era uma liderança importante para aqueles recém-chegados. Um homem culto e educado que conseguia cativar as pessoas”, lembra Beatriz. 

Fonte: CORREIO BAZILIENSE

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