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Gravura da batalha de Ascalão por C.W. Sharpe
Urbano II era um papa esperto. Para convencer os europeus a participar de sua Guerra Santa ele apelou tanto para os motivos religiosos como para os instintos mais ambiciosos. Afirmava que a Terra Santa era mais rica que as terras superpopulosas da Europa. Além disso, para os cristãos mais fervorosos, propagou que quem participasse das Cruzadas seria perdoado de todos os pecados e teria seu lugar no céu assegurado.
Como esses argumentos não foi difícil conseguir um batalhão de adeptos. A idéia foi recebida com entusiasmo. O conceito de “cruzada” ou “guerra santa” foi ali lançada e iria marcar profundamente o ocidente medieval. Em 1099, os primeiros “cruzados” apoderam-se de Jerusalém. Inicia-se uma longa confrontação entre o oriente latino e o ocidente cristão que, à parte a violência, permitiu uma notável transferência de cultura e conhecimentos, em proveito quase exclusivo do ocidente.
Frentes de batalha
Partindo da França em 1096, os cruzados, comandados por Godefroi de Bouillon, fazem sua entrada triunfal em Jerusalém em julho de 1099. Todos os defensores da cidade, muçulmanos ou judeus, são massacrados.
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Durante oito horas, a cidade foi submetida ao um horripilante massacre sem distinção de sexo, idade ou religião. A tomada da cidade santa provocou a morte de cerca de 100 mil pessoas. Nasceu assim o reinado latino de Jerusalém. O sepulcro de Cristo é “libertado” da ocupação muçulmana. Godefroi de Bouillon assume a administração da cidade com o título de Procurador do Santo Sepulcro. A cruzada apregoada por Urbano II foi um “sucesso”.
[Os líderes da Primeira Cruzada (ilustração de Alphonse Marie de Neuville]
Antes da tomada de Jerusalém, mas atendendo à conclamação de Urbano II, uma cruzada popular chegou a Constantinopla em agosto de 1096. Chefiada por Pierre o Ermitão e Gautier Sans Avoir, uma multidão de cruzados vindos das massas populares atinge as portas de Constantinopla. No dia seguinte ao apelo do papa, a população decidiu empreender caminho para uma peregrinação na Terra Santa.
Sem qualquer organização ou armas, os peregrinos marcharam pela Europa, alguns deles pilhando cidades e vilarejos, atacando comunidades não cristãs. Chegando enfim ao oriente, Pierre o Ermitão e sua gente atravessam o canal de Bósforo, ajudados pelos bizantinos. Porém, prosseguindo em sua rota, cerca de 12 mil cruzados que sobreviveram ao rude périplo iriam morrer debaixo das armas turcas alguns meses mais tarde.
Já a Antioquia, então na Síria, é tomada pelos cruzados em junho de 1098. Os exércitos são comandados por Godefroi de Bouillon, o conde de Toulouse, Bohémond 1º e o legado pontifical Adhémar de Monteuil. No ano anterior eles já tinham conseguido reconquistar Niceia, mas tendo concluído um acordo como imperador bizantino Alexis Comnène, viram-se obrigados a lhe restituir a cidade. Pouco tempo depois, alcançam uma grande vitória contra os turcos na Ásia Menor, abrindo caminho para outras conquistas.
Após a primeira Cruzada foi criada a Ordem dos Cavaleiros Templários, que teve importante participação militar nos combates das seguintes Cruzadas. Passados mil anos a palavra de Deus ainda é com freqüência levada pelo homem na ponta das espadas, hoje na ponta dos mísseis.
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