"É um sistema quadrilheiro que começa a desvendar-se. Ficam bem à vista duas estruturas que têm a Presidência da República como elo entre elas", afirma o jornalista
26 de junho de 2022, 07:05 h Atualizado em 26 de junho de 2022, 07:32
Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação de Bolsonaro (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil | Alan Santos/PR | Reuters)
247 - O jornalista Janio de Freitas afirma, em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo, que o escândalo causado pela revelação de que Jair Bolsonaro avisou o pastor e ex-ministro da Educação Milton Ribeiro sobre a operação da Polícia Federal em sua casa, expõe “um sistema quadrilheiro" que funciona dentro do atual governo.
“É um sistema quadrilheiro que começa a desvendar-se. Ficam bem à vista duas estruturas que têm a Presidência da República como elo entre elas. Uma age dentro da administração pública, em torno dos cofres, e reúne pastores da corrupção religiosa, ocupantes de altos cargos e políticos federais e estaduais. A outra age do governo para fora, na exploração ilegal da Amazônia, em concessões injustificáveis, e em tanto mais. Duas estruturas independentes que se conectam na mesma fonte de incentivos, facilitações e proteção para as práticas criminais”, afirma o jornalista.
"Uma das várias dificuldades iniciais para avançar com a investigação está na própria PF, em que se confrontam a polícia de policiais e a polícia de delinquentes (por comprometimento político ou não). O embate público dos dois lados apenas começou, com a certeza de que o aviso dado por Bolsonaro partiu da PF contra a PF e, preso o ex-ministro, com ações a protegê-lo”, avalia.
Ainda segundo ele, “é imprevisível o que se seguirá no confronto de extrema gravidade: sem uma limpeza no quadro de chefes de inquéritos, a confiança na PF dependerá de saber, como preliminar, se a ação policial é de policiais ou de delinquentes. E não é fácil sabê-lo”.
Janio destaca, ainda, que “eram dois os informados da então próxima prisão de Milton Ribeiro: o diretor-geral da PF, delegado Márcio Nunes de Oliveira, e o delegado Anderson Torres, ministro da Justiça que acompanhava Bolsonaro nos Estados Unidos, sem razão oficial para isso, quando o ex-ministro recebeu de lá o telefonema sobre a busca policial. Sem o esclarecimento dos seus papéis nessa transgressão, os dois bastam para comprometer a PF até como instituição”.
Fonte: Brasil247
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