A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos.
Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo?
Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório.
Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem?
MACHADO DE ASSIS - A igreja do diabo.
Pois então: o pleito se aproxima e muita gente já está a vender a própria opinião, de olho numa futura benesse, uma sinecura vitalícia, de preferência. Afinal, esse expediente já funcionou tantas vezes!!!
Conheço um "jornalista" famoso, do meio catarinense, que vive pendurado numa teta há muito tempo, sempre babando para as hostes conservadoras da política catarinense, é claro.
O nome não digo, mas o apelido, desde pequeno, na Agronômica, aqui na Ilha de SC, era "bucica".
Ele, obviamente, sempre vendeu sua "opinião" e também o seu voto.
Tendo sido servidor do Poder Judiciário catarinense e, depois, como advogado, atuando no meio jurídico, soube de magistrados (empolados, sempre de direita, apegados à "moral", só na aparência, obviamente) que vendiam seus votos também, nas decisões de causas mais polpudas, naturalmente, ou naquelas em que estavam envolvidos interesses de outras figuras influentes, às quais deviam favores.
Mas, muitos outros, que nunca integraram o Judiciário e que nem voz influente possuem (para vender suas opiniões), contentaram-se com vender os seus votos. Ganharam sinecuras também, já se aposentaram e, por dever de gratidão, continuam a defender os seus benfeitores. Aqui em Florianópolis, há uma miríade deles, alguns inclusive meus conhecidos, defensores intransigentes dos milicos golpistas de 1964 e seus imitadores do presente.
Invariavelmente são bolsonarentos e demonizam a "maldita esquerda" (os "cumunistas") que foram inventar de impor concursos para prover cargos públicos e eles se lembram de que se, no seu tempo, tivessem que submeter-se a disputa do gênero, não teriam "conquistado" seus cargos.
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