Dilma busca candidato de perfil discreto para o Supremo
CATIA SEABRA
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff tem em sua mesa ao menos cinco nomes para ocupar a vaga de Carlos Ayres Britto como ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), aberta desde novembro.
Segundo interlocutores de Dilma, o perfil buscado é o de um magistrado discreto e que já tenha projeção no meio jurídico, evitando assim o que eles consideram "tentação pelo holofote" que o cargo proporciona.
Reservadamente, chamam o candidato de "anti-Fux", pela atuação que consideram pouco discreta do carioca Luiz Fux, escolhido pela própria Dilma em 2011.
Mas não é só isso. Fux tem tomado decisões que desagradaram Dilma, além de ter surpreendido petistas com sua atuação dura contra os réus do mensalão.
Na semana que passou, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse em entrevista à Folha e ao UOL que Fux o procurou quando estava pleiteando a vaga no Supremo e prometeu absolvê-lo.
Mas o petista acabou sendo condenado a quase 11 anos de cadeia com o voto do magistrado.
Fora do caso do mensalão, Fux concedeu liminar impedindo a análise dos vetos presidenciais à lei que mudou a distribuição dos royalties do petróleo, o que acabou travando a pauta legislativa.
Isso impediu a votação do Orçamento e obrigou o governo a editar medida provisória para garantir os gastos no começo do ano. A liminar acabou derrubada.
LISTA
Antes apontado como favorito, o advogado tributarista Heleno Torres perdeu fôlego na disputa após sua entrevista com Dilma na semana passada. Segundo aliados, a presidente não ficou convencida de que ele seja o melhor para a vaga. Além disso, o vazamento da audiência para a imprensa não agradou.
Por mais que apoiadores afirmem que não foi Heleno que tornou público seu encontro com a presidente, no Palácio do Planalto ficou a dúvida sobre sua discrição.
Em seu favor, Heleno conta, no entanto, com a simpatia dos ministros Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) e Ricardo Lewandowski (STF), além de aliados do ex-presidente Lula.
Pelo menos outros quatro nomes são considerados pela presidente para o cargo: Luís Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin, Eugênio Aragão e Humberto Ávila. Todos com apoio na Esplanada dos Ministérios.
Enquanto Fachin, do Paraná, é patrocinado pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o constitucionalista Luís Roberto Barroso tem o apoio do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Interlocutores da presidente fazem duas ressalvas a Barroso: amizade com Fux e autoria de ações contrárias aos novos critérios de distribuição dos royalties do pré-sal, tema caro aos fluminenses -- o Rio é o Estado que mais perdeu com a nova partilha.
RESTRIÇÕES
Subprocurador-geral da República, Eugênio Aragão é, no meio jurídico, apontado como candidato do presidente do STF, Joaquim Barbosa, alvo de restrições no PT por ter sido rigoroso como relator do mensalão.
Foi apresentado ao Planalto como rival do procurador-geral, Roberto Gurgel, também malvisto no PT devido à denúncia dura do mensalão.
Ávila conta com o apoio do presidente do Conselho de Ética da Presidência, Américo Lacombe. O Planalto, no entanto, não gostou da campanha ostensiva de seus apoiadores contra Heleno.
Petistas de São Paulo tentam emplacar o nome do advogado Marcelo Nobre. Mas, segundo a Folha apurou, ele não está no radar.
Fonte: FOLHA DE SP
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