Recém-descoberto, o 'Entelognathus primordialis' viveu há mais de 400 milhões de anos na China. Seus ossos faciais podem ser as raízes da mandíbula moderna
REDAÇÃO ÉPOCA
25/09/2013 19h40 - Atualizado em 26/09/2013 11h37
Ilustração sugere como seria o peixe 'Entelognathus primordialis' (Foto: Divulgação/Brian Choo)
Cientistas descobriram fósseis de um peixe que dizem ser a primeira criatura terrestre a possuir o que pode ser reconhecido como uma face. Entelognathus primordialis é uma espécie pré-histórica que viveu há cerca de 419 milhões de anos nos mares da China. A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (25) no periódico científico Nature.
O peixe é o mais antigo animal conhecido a ter ossos da face e da mandíbula comparáveis às dos peixes ósseos e dos animais terrestres de hoje, incluindo os seres humanos. Segundo os cientistas, o animal tinha boca grande, testa baixa e plana e olhos pequenos e quase imóveis. Pertencia à extinta classe dos placodermos.
Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, coordenados pelo cientista Min Zhu, encontraram os fósseis em uma reserva na província de Yunnan, na China. Não pareciam ossos muito diferentes, até serem levados para o laboratório e terem recebido uma limpeza. Logo a incrível preservação dos ossos faciais ficou evidente.
Segundo cientistas, antes de os peixes terem a face como as das espécies modernas, eles possuíam aparência muito incomum. Alguns peixes sem mandíbula tinham cabeças largas em formato de pá, com olhos voltados para cima. Outros tinham corpos estreitos e um olho em cada lado da cabeça. Peixes sem mandíbula existem até hoje, como as enguias.
O detalhe dos fósseis da espécie 'Entelognathus primordialis' (Foto: Divulgação/Zhu, M. et al. Nature)
A nova descoberta pode ajudar a elucidar a questão de como evoluíram os ossos da face e da mandíbula dos peixes, um mistério para a ciência há anos. Os pesquisadores suspeitam que ancestrais do Entelognathus primordialis tenham se afastado do fundo do mar e, lá, mandíbulas podem ter sido úteis para capturar presas maiores e mais rápidas.
Por outro lado, Brian Choo, um dos autores da pesquisa, acredita que as mandíbulas podem ter surgido inicialmente pela respiração, como um aparelho para controlar o fluxo de água através das guelras.
De qualquer forma, a pesquisa sugere agora que ossos do crânio e da face humana, assim como nossa clavícula, podem ter derivado dos antigos ossos dos placodermos, classe do recém-descoberto peixe pré-histórico.
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