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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Jurerê Internacional no pós réveillon

Na manhã de hoje, por volta das 10 horas, resolvi fazer uma visita à famosa praia, que fica a cerca de 08 km da minha casa.

Dois termômetros, ao longo da via de acesso do balneário, registravam cerca de 33 graus centígrados e a calmaria (nem uma tênue brisa no ar) fazia com que a temperatura parecesse ainda maior.

Ao chegar à praia, de cara, chamou-me atenção um Renault, com placas de Belo Horizonte, no qual um moço dormia despreocupadamente, com o motor do veículo ligado, a exemplo do ar condicionado do mesmo. O veículo era de tipo popular, o que evidencia que nem todo mundo que frequenta aquele local é abastado, conforme a fama corrente.

Trabalhadores, numa atividade frenética, cuidavam da limpeza, da remoção de móveis provavelmente alugados (?) por um dos "beach clubs" (para reforçar os que guarnecem os estabelecimentos, ordinariamente), de flores e de outros restos da festa de virada do ano.

Para ter acesso à praia, usamos uma passarela de eucalipto tratado, construída sobre a vegetação de jundu e restinga, formando uma estranha simbiose, que, se não estou enganado, afronta a legislação ambiental vigente.

Uma placa, com aparência de já estar ali há alguns anos, anuncia a adequação das águas para banho. 



Hoje, os dizeres da placa, lamentavelmente, não refletem a realidade. As águas da baía foram poluídas por incontáveis esgotos de construção residencial e comercial, que não são ligadas à rede de coleta e tratamento de esgoto.

A praia ainda estava muito suja - porque poder econômico não se confunde com civilização -, mas creio que por pouco tempo, porque o pessoal da limpeza, como dito, estava em ação.







Um caçambão colocado estrategicamente nas proximidades de um dos clubes, recebia os restos da festa, incluindo incontáveis flores brancas, provavelmente ofertadas por fiéis de Umbanda a Yemanjá (ou aos Orixás?), que as águas do mar recusaram e devolveram à praia, numa aparente demonstração de que consideram ridículos os costumes do gênero. 



De qualquer modo, as flores são biodegradáveis, ao contrário das garrafas de bebida alcoólica e outras embalagens.


Junto às flores desprezadas, uma profusão de garrafas de champanhe e de espumante, dentre outros lixos, tão valorizados pelos tolos e deslumbrados consumidores.







A vegetação de jundu - onde vão parar muitas garrafas e sacos plásticos, dentre outras espécies de lixo - precisam ser limpas também.




É assim a humanidade: crenças e luxos de alguns, lucro para outros poucos e trabalho para uma maioria bem maior.  Para a natureza, só prejuízos.

Fotos: MARIA BERNADETE SILVA

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