por Jacques Neyrinck
para Les Baptisé-e-s, site da Conferência Católica Dos Batizados Franceses
População suíça se distancia
cada vez mais das religiões
Andando pela região da campanha suíça, nós vemos a fachada de diversas igrejas e capelas, propagadas por toda a parte e maravilhosamente conservadas. Diferentemente da França laica, que na maior parte das suas regiões sustenta direta e generosamente as igrejas com o pagamento de salários aos ministros do culto. E a Constituição inicia com estas palavras, inimagináveis em qualquer outro lugar: “Em nome de Deus onipotente (...)”. Isso significa que a Suíça é um oásis de cristianismo institucional existente?
A realidade é bem diferente: a maioria dos suíços se declara não confessos. Pessoas e instituições se afastam cada vez mais das confissões, enquanto a religião está mais presente na mídia e na política como assunto para debates. Segundo uma pesquisa, as pessoas sem confissão representam cerca de 64% da população na Suíça, enquanto que somente 17% dos habitantes são praticantes. Além disso, 10% da população Suíça se diz contrária a religião e 9% declara estar envolvido com praticas espirituais alternativas, geralmente orientais. A fome espiritual é saciada por práticas sumárias: yoga, meditação, peregrinação a Compostela, travessia do Saara, alimentação restrita, ações humanitárias, esoterismo artístico.
Segundo a análise dos pesquisadores, o número de católicos romanos e protestantes diminuiu a partir da revolução cultural de 68. Mas, ao mesmo tempo, grupos progressistas e conservadores se encontram inseridos seja no cristianismo, no judaísmo e no islamismo. A formação do Estado laico vai de encontro com o crescimento dos fundamentalismos, e também com um estremecimento das relações entre indivíduos muito religiosos e aqueles que não o são. E como pagamento, as igrejas “históricas”, católica e protestante, colaboram fraternamente, muito longe das disputas em questão. Porque, antes ou depois, os pilares das Igrejas “históricas” quebrarão, até que elas deixem de ser grupos visíveis e influentes: as instituições batalham pela sua sobrevivência.
Esta evolução rápida colocou interrogações nos poderes púbicos, que são visceralmente ligados a perenidade das Igrejas, fatores de estabilidade numa paisagem cultural muito fragmentada, entre quatro línguas e vinte e seis pilares particularizados. Pelo menos 28 grupos de pesquisa foram mobilizados entre 2007 e 2010 em todo o território suíço. Suas pesquisas foram financiadas pela Confederação por valores aproximados a 10 milhões de francos. Segundo esses pesquisadores, as autoridades suíças devem se esforçar para a busca da igualdade de direitos entre os diversos grupos religiosos e encorajar o respeito da liberdade de religião. Os poderes públicos federais e locais devem encorajar a vontade de integração entre os imigrantes, como a formação de uniões competentes e estáveis.
No entanto uma iniciativa popular em sentido oposto comportou uma votação, nos termos dos quais um artigo da Constituição federal já proíbe a construção de minaretes no país. Se não há vontade política do poder público em manter a paz religiosa, ou o desinteresse da população pela prática do cristianismo, a propriedade religiosa é construída agora sobre o registro da oposição ao islamismo. Enfim, a maior parte dos suíços, que não possuem religião, acaba preocupada com o surgimento de uma confissão caracterizada de uma prática regular. O medo do islamismo se reflete de certo modo no medo de todas as religiões, o de ser visto como uma fonte de tensões, senão de violência.
A disponibilidade dos poderes públicos não compensa então o desinteresse de uma população que é ao mesmo tempo uma das mais ricas e instruídas da Europa. A formação do Estado laico progride inexoravelmente.
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