Projeto-lei semelhante já tinha sido votado — e chumbado — no Knesset em 2015 graças aos votos contra do Likud de Benjamin Netanyahu. Agora, o líder do partido que é também chefe do governo está alinhado com a proposta do partido de Lieberman
O Knesset (parlamento israelita) vai debater e votar um projeto-lei que prevê a imposição da pena de morte a palestinianos "envolvidos em operações contra alvos israelitas", anunciou o ministro da Defesa do governo hebraico.
Numa entrevista televisiva na segunda-feira, Avigdor Lieberman disse que aplicar a pena capital a palestinianos condenados por tribunais israelitas é o "único castigo apropriado" para os habitantes dos territórios ocupados por Israel desde 1967 que ataquem civis ou soldados israelitas. Também segundo o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, que assumiu a pasta da Defesa há dois anos, a votação terá lugar esta quarta-feira.
"Os EUA também têm legislação desta", defendeu Lieberman ao canal israelita. "Por isso, é apropriado que Israel siga o exemplo de um sistema democrático tão poderoso no mundo." Na mesma entrevista, o chefe máximo das forças armadas israelitas (IDF) argumentou que condenar palestinianos à morte é a única hipótese de impedir que continuem a ser usados em trocas de prisioneiros. "Cada terrorista condenado é usado por organizações terroristas que raptam civis e soldados para trocas."
Para que o controverso projeto-lei seja aprovado pelo Knesset, é necessário que seja submetido a três rondas de debates e votações. O Estado hebraico não tem pena de morte, mas é comum palestinianos presos nos territórios ocupados enfrentarem sentenças de prisão de centenas de anos, que na prática acabam por conduzir à sua morte em cativeiro.
Em julho, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já tinha sugerido que era altura de impôr esta sentença máxima a palestinianos que ataquem israelitas. "É altura de implementar a pena de morte contra terroristas nos casos mais graves", defendeu numa mensagen vídeo publicada na sua conta oficial de Twitter. Dois anos antes, quando o partido de Lieberman, Yisrael Beytenu, propôs uma medida semelhante, Netanyahu ordenou aos deputados do Likud que votassem contra, levando ao chumbo do projeto-lei.
A possibilidade de esta medida vir a ser implementada surge numa altura de elevadas tensões no Médio Oriente, depois de o Presidente norte-americano ter declarado, no início de dezembro, que Jerusalém é a capital de Israel. Contra a vontade da maioria na comunidade internacional, Donald Trump quer mudar a embaixada dos EUA no Estado hebraico de Telavive para a disputada cidade — sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos e que é tida como um "território ocupado" à luz da lei internacional.
Ao longo de anos, a ONU aprovou uma série de resoluções que definem que o estatuto de Jerusalém deve ser decidido nas negociações de paz entre Israel e Palestina, um processo que continua congelado e que, perante o passo de Trump, deixará de contar com a mediação dos norte-americanos. O Estado hebraico defende desde a sua criação em 1948 que Jerusalém é sua capital por direito, uma postura que foi oficializada pelo Knesset em 1980. Os palestinianos, cujos territórios estão ocupados por Israel há meio século, querem que Jerusalém Oriental venha a ser a capital do seu futuro Estado.
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