DELIL SOULEIMAN
Ainda há mais de 600 mortes a serem investigadas, o que significa que o número de vítimas inocentes da campanha de bombardeamentos contra o autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) poderá ser superior ao balanço oficial
A coligação internacional liderada pelos Estados Unidos da América para combater o autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) no Iraque e na Síria assumiu esta semana que, no decorrer da campanha de bombardeamentos aéreos, lançada em 2014, matou pelo menos 817 civis, numa altura em que continua a bombardear alvos no terreno e que, segundo o Exército norte-americano, "ainda há muito trabalho a fazer para assegurar a derrota prolongada" da rede extremista — isto apesar de o governo iraquiano ter declarado a derrota total do grupo no início deste mês.
Os especialistas dizem que o número de vítimas mortais decorrentes de operações da Força Conjunta (CJTF-OIR) pode ser bastante superior ao balanço avançado pelas forças dos EUA, que esta semana admitiram estar por trás das "mortes não-intencionais" de centenas de civis, com quase 700 outras ainda a serem investigadas.
Segundo uma investigação do "New York Times", "num esforço para expulsar o ISIS [Daesh] do Iraque e da Síria, a coligação conduziu mais de 27.500 ataques aéreos à data, destacando tudo desde bombardeiros B-52 da altura da guerra do Vietname até modernos drones Predator".
Citado pelo jornal, o maior Shane Huff, porta-voz do Comando Central dos EUA, garantiu que "esta é uma das campanhas aéreas com maior precisão da História militar", isto apesar de continuar a haver um balanço impreciso de civis mortos no conflito, parte deles às mãos da coligação liderada pelos norte-americanos.
No seu último relatório, a CJTF-OIR avançou ontem que, "no mês de novembro, foram abertas 695 investigações a possíveis baixas civis nos meses anteriores", período durante o qual "a coligação completou a avaliação de 101 suspeitas: 92 foram avaliadas como não-credíveis, nenhuma foi avaliada como duplicada e nove foram consideradas credíveis, resultando em 11 mortes não-intencionais de civis".
No documento é acrescentado que, até à data, entre agosto de 2014 e novembro passado, "a CJTF-OIR constatou que pelo menos 817 civis foram mortos não-intenacionalmente em ataques da coligação desde o início da operação", havendo ainda "um total de 603" mortes sob investigação. A coligação ainda não respondeu a questões dos jornalistas sobre que métrica foi usada para determinar o que foram mortes "credíveis" de civis no decorrer da sua campanha e quais foram consideradas "não-credíveis" e porquê.
A 10 de dezembro, o governo iraquiano "declarou a libertação das áreas anteriormente controladas pelo Daesh", acrescenta a coligação em comunicado, mas segundo informações recolhidas no terreno o grupo "ainda está a tentar reestabelecer redes na região e continua a representar uma ameaça regional e global", em parte pela sua capacidade de "organizar ou inspirar" atos de violência em todo o mundo.
Fonte: EXPRESSO PT
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