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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Polícia nos EUA matou sem-abrigo com 46 tiros


Seis polícias dispararam mais de 40 tiros sobre um sem-abrigo. A divulgação de um vídeo amador está a indignar a comunidade nos EUA, que reclama pela celeridade da investigação, mês e meio após a morte de Milton Hall perante "um pelotão de fuzilamento fardado". Veja o vídeo

foto DR 




Imagem de Milton Hall sobreposta ao local do tiroteio 

Milton Hall foi morto numa ação da polícia de Saginaw, Michigan, nos EUA. Seis agentes armados dispararam 46 tiros, segundo a imprensa local, sobre aquele sem abrigo, que tinha uma faca na mão.

Aconteceu a 1 de julho, mas a notícia só agora ganha dimensão, com o aparecimento de um vídeo amador. As imagens são chocantes, e mostram seis polícias a descarregar as armas num homem.

"Parecia um pelotão de fuzilamento com fardas de polícia", desabafou Jewel Hall, mãe de Milton Hall. "Havia outra saída. Não tinham de o matar. Ele não tinha feito nada, não era violento. Não era um assassino, não era um criminoso", disse, em entrevista à CNN.

Jewel Hall disse que o filho tinha uma doença mental e que recebia uma pensão de invalidez da Segurança Social. Leitor ávido, ex-jogador de futebol americano, Milton tinha um passado como ativista dos direitos humanos. "Sabia os direitos dele", disse a mãe.

Milton Hall, de 49 ano, vivia há 35 em Saginaw. "Toda a gente o conhecia. A polícia conhecia-o", disse a mãe da vítima. Por isso, fica a questão: eles conheciam-no, porque o mataram?".

A resposta a esta pergunta está a demorar e a levantar muitas outras questões. "Porque está a demorar tanto e porque não há transparência", questiona a mãe da vítima.

"Isto tem de ser prioritário", argumentou Norman Braddock, conselheiro municipal de Saginaw. "Precisamos de respostas", disse Braddock, quando confortado com o vídeo que classificou de "perturbador", que lhe foi mostrado pela CNN. "Percebo porque as pessoas fiquem traumatizadas ao ver uma coisa destas", acrescentou.

A 1 de julho, seis polícias cercaram Milton Hall, no parque de estacionamento de uma loja, em Saginaw, nos EUA, após uma desavença entre a vítima e um funcionário, no interior da loja.





No vídeo, Milton Hall identifica-se e diz que foi ele que ligou para o 911, o equivalente ao 112 em Portugal. "Estou muito chateado", diz. Quando uma agente lhe diz para pousar a faca no chão, recusa: "Não vou por m...* nenhuma no chão".

O frente-a-frente com a polícia dura cerca de três minutos e acaba de forma abrupta e violenta quando Milton Hall dá uns passos para a esquerda, na direção de um polícia que se havia deslocado para aquele lado. São cinco segundos de disparos.

"Estou atorodoada ao ver seis seres humanos a disparar 46 tiros sobre outro ser humano", disse a mãe da vítima. "Não consigo perceber isso. Sinto uma grande dor, porque bastava um tiro. Por isso fica a questão, porquê?".

Lou Palumbo, um ex-polícia, ouvido no programa da CNN "Anderson Cooper 360", diz que o vídeo é "um pesadelo" para qualquer departamento de polícia e reflete falta de treino dos polícias.

Considerando que aquele não era um cenário para descarregar as armas, Palumbo esclarece que, no entanto, o tiroteio pode vir a ser considerado justificável. "Um indivíduo com uma faca na mão pode ficar em cima de um polícia numa fração de segundo. O público não sabe disto porque não faz disto modo de vida", explicou.

Fonte: JORNAL DE NOTÍCIAS (Pt)

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