EPA
|
O próximo Dia da Unidade da Alemanha será marcado em Hamburgo por um grandioso salá, a realizar na Kapernaumkirche, antiga igreja local luterana. Os representantes do Islã apontam para "a integração dos muçulmanos na sociedade alemã e europeia em geral". Os seus oponentes expressam receios de eventual e paulatina extinção do Cristianismo.
Não é a primeira vez que o antigo porto alemão manifesta extraordinários sinais de tolerância religiosa. Em agosto do ano passado, o prefeito de Hamburgo, Olaf Scholz, assinou com os líderes de comunidades islâmicas um acordo que, pela primeira vez na história, permite aos muçulmanos locais seguir as suas práticas religiosas e imiscuir neste âmbito no processo de educação escolar.
Enquanto isso, os círculos sociais da Alemanha estão apreensivos com a notícia sobre a provável aquisição pela organização islâmica Nour Islamic Center do prédio de uma igreja luterana em Hamburgo. Segundo a versão oficial, a negociata se tornou possível devido à brusca redução do número de paroquianos. Dito de outra maneira, ninguém agora necessita da igreja. Alguns mass media afirmam tratar-se de um negócio dúbio em termos legislativos e jurídicos.
No dizer do secretário de imprensa da comunidade islâmica de Hamburgo, Daniel Abdin, nos últimos dois anos, a mídia tem criado uma imagem negativa dos muçulmanos locais. Por outro lado, eles não têm planos de transformar as igrejas em alvos de sua propaganda religiosa. Em entrevista à Voz da Rússia, Daniel Abdin salientou:
"Nós nunca procuramos encontrar uma igreja para o efeito. Durante 20 anos, orávamos numa garagem subterrânea e passamos 8 anos a buscar um prédio onde pudéssemos rezar. Felizmente, foi-nos proposta esta igreja. Eu percebo, em parte, os receios motivados pela falta de contatos com os muçulmanos. Acredito ser necessário estabelecer um diálogo. O prédio da igreja em causa está em ruínas, podendo ser reconstruído, conservando um estatuto arquitetônico de um templo cristão, protegido como um monumento histórico."
A igreja não tem culto desde 2002, esclarece o representante da Igreja Evangélica da Alemanha, Matthias Benkert, dizendo que o edifício não deixa de ser um símbolo religioso, sendo visto como um templo cristão. O seu proprietário vendeu-o no início do ano corrente sem ter informado a Igreja Evangélica de Hamburgo, frisou a este propósito Benkert.
"Como é óbvio, não queríamos que isto acontecesse. Em 2004-2005 nem podíamos imaginar que o prédio pudesse ser vendido, tanto mais a uma entidade não cristã. Mas não nos opomos à existência de comunidades muçulmanas. Em Hamburgo está sendo travado um ativo diálogo inter-religioso. Temos apoiado nossos colegas muçulmanos no sentido de eles poderem professar a sua religião. Mas devemos identificar as diferenças. Para nós é um facto triste, mas a situação é tal como está agora."
Segundo a comunicação social alemã, desde 1990, à escala do país, foram encerradas 800 igrejas. Nem todas foram transformadas em mesquitas. No entanto, um fenômeno idêntico acontece não somente da Alemanha. Na França, por exemplo, os ativistas cristãos estão de sobreaviso pela mesma causa – vai crescendo o número de apóstatas, ou seja, dos que se afastam da religião tradicional da Europa.
A situação criada em Hamburgo e na Alemanha evidencia a degradação do Cristianismo ocidental, constata o professor associado da Universidade de Literatura, perito em religião islâmica, Roman Silantiev.
"A corrida aos valores temporais, marcados pelo ecletismo, pregou uma má partida aos cristãos do Ocidente. Ocorre um colapso simbólico do Cristianismo ocidental que outrora se considerava o mais progressista ao ponto de almejar um domínio mundial e que agora está perdendo as suas posições."
Ao que parece, considera o perito, a Europa vai desistindo de valores cristãos, cedendo lugar, ao contrário das expectativas de ateus, aos valores islâmicos.
Fonte: VOZ DA RUSSIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário