D. Geraldo Majella volta a defender liberação de relatório da Santa Sé aos cardeais do conclave
03 de março de 2013 | 22h 30
José Maria Mayrink e Andrei Netto, enviados especiais de O Estado de S.Paulo
VATICANO - Os cinco cardeais brasileiros que votarão no conclave para eleger o novo papa insistirão na Congregação do Colégio Cardinalício, que começa nesta segunda-feira, 4, no Vaticano, que todos os cardeais tenham acesso ao relatório entregue ao papa emérito Bento XVI, em dezembro, sobre escândalos recentes na Santa Sé. O dossiê seria passado às mãos do novo papa, a quem caberia a decisão de publicá-lo, conforme decisão de Bento XVI.
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"Pensamos que todos os cardeais devam ter conhecimento do conteúdo desse documento antes do conclave, para termos informações sobre o que realmente aconteceu", disse ao Estado o cardeal d. Geraldo Majella Agnelo, repetindo o que havia pedido na última quinta-feira.O cardeal-arcebispo de Aparecida, d. Raymundo Damasceno Assis, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) concorda e afirmou que, pelos seus contatos, esse é o pensamento de muitos cardeais. Segundo a imprensa italiana, o dossiê aborda os escândalos financeiros envolvendo o Banco do Vaticano, denúncias de corrupção e intrigas na Cúria.
A Congregação do Colégio Cardinalício terá duas reuniões na segunda-feira - uma às 9h30 e outra às 17 horas, na Sala Paulo VI, auditório no interior do Vaticano. No intervalo, os cardeais retornarão às suas residências ou aos locais de hospedagem. É certo que a Congregação continuará amanhã, com pelo menos uma sessão.
Ao todo 209 religiosos são esperados em Roma, dos quais 115 com menos de 80 anos, que negociarão nos próximos dias o nome do futuro pontífice. Até domingo, 3, pela manhã, cerca de 140 cardeais já haviam desembarcado na capital italiana. Pela previsão de d. Geraldo, o início do conclave deverá ser marcado para domingo, 10 de março, ou segunda-feira, dia 11.
O encontro dos cardeais servirá também para troca de opiniões sobre os melhores candidatos à sucessão de Bento XVI, com o objetivo de se chegar a uma lista básica de cinco ou seis nomes. "Existe uma diferença entre esse conclave e o passado, pois em 2005 houve desde o início certo consenso sobre Ratzinger, enquanto agora nenhum nome surge com mais destaque", observou d. Geraldo.
Na visão de d. Geraldo, o conclave deverá buscar para a sucessão de Bento XVI um cardeal capaz de fazer reformas amplas e profundas na Cúria Romana. Já o cardeal colombiano Ruben Salazar Gomez disse ao jornal Corriere della Sera que o novo pontífice deve primar "pela nova evangelização das terras de tradição cristã", demonstrando sua preocupação com a perda de fiéis na Europa.
No domingo, as especulações persistiam em torno de nomes como o do italiano d. Angelo Scola, do canadense d. Marc Ouellet e também do brasileiro d. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Os nomes do cardeal de Viena, Christoph Schönborn; do arcebispo de Nova York, Timothy Dolan; do de Boston, Sean O’Malley; e do de Manilla, Luis Antonio Tagle, também são citados.
Pela primeira vez em 600 anos, os católicos passaram o domingo com um papa vivo, mas que não mais exerce a função de chefe da Igreja. Os sinos da Basílica de São Pedro soaram como de praxe, mas não para anunciar a chegada do papa, que aos domingos recita a oração de Angelus. "Foi uma pena. Estamos de passagem por Roma nesse final de semana, justo quando a oração não aconteceu pela ausência de Bento XVI. Mas não tem problema, não tenho nada contra sua renúncia", disse a turista francesa Adèle Blanc, 47 anos.
Opinião diferente tem o pároco da cidade italiana de Castelvittorio. Padre Andrea Maggio, aparentemente com problemas psicológicos e depressão, queimou durante a missa uma foto do papa emérito Bento XVI diante dos fiéis e gritou que "um papa não abandona o seu rebanho". "Foi um gesto surpreendente, cometido na frente de crianças. Pode ser que padre Andrea esteja atravessando um momento delicado, mas é um gesto grave", afirmou o prefeito da cidade, Gianstefano Orengo./ COM EFE
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