Prisão preventiva foi cumprida em São Paulo, na casa de Temer, mas pedido é da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Moreira Franco também foi preso
HR Humberto Rezende RS Renato Souza postado em 21/03/2019 11:19 / atualizado em 21/03/2019 15:01
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Os policiais cumpriram também, no Rio de Janeiro, mandado contra Moreira Franco, ex-governador do Rio e ex-ministro de Minas e Energia de Temer. Há mandados de prisão preventiva ou temporária contra outras oito pessoas: o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer; Maria Rita Fratezi; Carlos Alberto Costa; Carlos Alberto Costa Filho; Vanderlei de Natale; Carlos Alberto Montenegro Gallo; Rodrigo Castro Alves Neves e Carlos Jorge Zimmermann.
Temer foi abordado pela PF quando deixava sua casa de carro (foto: Mauricio/Foto Arena/Estadão Conteúdo) As prisões são desdobramento das operações Radioatividade, a 16ª fase da Lava-Jato que investigou corrupção na usina de Angra 3, Pripyat e Irmandade. Com o fim do mandato presidencial de Temer, a apuração foi enviada do Supremo Tribunal Federal para a 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A Lava-Jato deve explicitar, às 16h, em coletiva de imprensa o motivo das prisões, mas informações preliminares são de que elas se baseiam em delações de José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, que admitiu desvios de recursos na construção da usina e envolveu o ex-presidente,
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Moreira Franco e o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer e um dos alvos dos mandados desta quinta-feira.
Temer é acusado de receber R$ 1,091 milhão em propina da Engevix por meio de uma empresa controlada pelo coronel Lima, seu amigo pessoal, segundo afirmou a Força-Tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro no pedido de prisão autorizado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
Segundo os investigadores, a propina foi paga no fim de 2014 com transferências da empresa da Alumi Publicidades para a empresa PDA Projeto e Direção Arquitetônica, controlada por Lima. Para justificar as transferências de valores, foram simulados contratos de prestação de serviços da empresa PDA para a empresa Alumi.
O pagamento ilegal, de acordo com as investigações, ocorreu para que a Engevix tivesse sucesso em conseguir o contrato para a realizar do projeto. As obras da usina começaram há mais de 30 anos, foram interrompidas e retomadas durante o governo Lula. A previsão inicial era que fossem gastos R$ 10 bilhões com o projeto. No entanto, agora, depois de vários atrasos, a obra deve custar R$ 26 bilhões.
Para justificar as prisões (leia acima a decisão do juiz Marcelo Bretas), o MPF afirmou que os fatos "apontam para a existência de uma organização criminosa em plena operação, envolvida em atos concretos de clara gravidade".
A filha de Temer, Maristela, também foi alvo da operação. No caso, foi determinada busca e apreensão nos endereços dela e do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva — que foi preso na primeira fase da investigação sobre a Eletronuclear.
Após ser detido em casa, Temer foi levado à Polícia Federal no Aeroporto de Gaurulhos, onde passaria por exame de corpo de delito antes de embarcar em um voo para o Rio de Janeiro. Temer é o segundo ex-presidente do Brasil a ser preso, após a redemocratização do país. O primeiro foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que hoje cumpre pena em Curitiba.
Suspeitas recaem sobre Temer desde a época em que era presidente. Ele foi alvo de duas denúncias, que não foram levadas adiante, apesar de tentativas de deputados da oposição de autorizar as investigações.
Hoje, o ex-presidente responde a 10 inquéritos na Justiça. Cinco deles tramitavam no Supremo Tribunal Federal (STF), abertos quando ele era presidente da República, devido ao foro privilegiado. Esses cinco processos foram encaminhados à primeira instância depois que ele deixou o cargo.
Conversa com Joesley
Um dos escândalos que envolveram o presidente Temer e que o colocou sob risco de impeachment tinha relação com a gravação de uma conversa que ele teve com o executivo da JBS Joesley Batista.
Na conversa, Temer disse uma frase que se tornou notória: "Tem que manter isso, viu?". A frase foi dita quando os dois comentavam a proximidade de Batista com o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e o pagamento de benesses do empresário ao principal responsável pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Notas do MDB e de policiaisO partido de Michel Temer e Moreira Franco emitiu nota criticando a atuação da Justiça na prisão dos dois políticos. Diz o texto: "O MDB lamenta a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa".
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) também se manifestou nas redes sociais acerca da prisão do ex-presidente Michel Temer. "Não existem privilegiados para os policiais federais. Nosso papel é fazer com que a lei seja aplicada de forma igualitária para todos. Essa é mais uma demonstração do profissionalismo e apartidarismo presente nos trabalhos conduzidos pela Polícia Federal."
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE
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