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Publicado segunda-feira, 18 de março de 2019 as 17:40, por: CdB
Bolsonaro foi conduzido ao centro de uma rumorosa investigação sobre o tráfico de armas — supostamente de origem do arsenal da Marinha dos EUA, sob o patrocínio da Agência — para o líder miliciano Ronnie Lessa. A suspeita provocou o questionamento, por parte dos partidos de oposição, acerca do motivo que levou Bolsonaro à reunião na sede da CIA.
Por Redação, com agências internacionais – de Washington (DC)
Ignorado, solenemente, no noticiário da mídia norte-americana, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PSL) aproveitou a manhã desta segunda-feira para uma visita à sede da Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA), em Washington, em uma agenda que não constava na programação oficial da viagem à capital norte-americana. O programa levantou críticas imediatas no noticiário brasileiro.
Bolsonaro foi conduzido ao centro de uma rumorosa investigação sobre o tráfico de armas — supostamente de origem do arsenal da Marinha dos EUA, sob o patrocínio da Agência — para o líder miliciano Ronnie Lessa. A suspeita provocou o questionamento, por parte dos partidos de oposição, acerca do motivo que levou Bolsonaro à reunião na sede da CIA. A agência é conhecida, mundialmente, por patrocinar golpes de Estado e municiar setores da extrema direita, em países pobres.
Nem mesmo os correspondentes brasileiros, que se esforçam para cobrir a visita do representante sul-americano a Washington, saberiam do encontro com a central internacional de espionagem dos EUA não fosse uma mensagem do filho do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em uma rede social.
“Indo agora com o PR @jairbolsonaro e ministros para a CIA, uma das agências de inteligência mais respeitadas do mundo. Será uma excelente oportunidade de conversar sobre temas internacionais da região com técnicos e peritos do mais alto gabarito”, escreveu o parlamentar.
Conservadores
Até a noite passada, quando questionados sobre a agenda do presidente nesta manhã, assessores da Presidência — inclusive o porta-voz, general Otávio Rego Barros — alegavam se tratar de agenda privada. Ao conversar com jornalistas na noite de domingo, Rego Barros afirmou que a agenda seria informada quando fosse possível. Sem mais detalhes.
Durante encontro, na véspera, Bolsonaro falou à plateia conservadora de seu primeiro compromisso na visita de três dias a Washington, em jantar que reuniu na mesma mesa o astrólogo Olavo de Carvalho e o ex-estrategista da Casa Branca Steve Bannon, para reiterar sua intenção de evitar que os movimentos de esquerda se reorganizem, no país.
Bolsonaro disse, aos presentes, que o objetivo de seu governo é o de desconstruir mais do que “construir coisas para o povo brasileiro”. Somente dessa forma, diz ele, “chegaria o momento de começar a fazer algo pelo país”.
— O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer. Que eu sirva para que, pelo menos, eu possa ser um ponto de inflexão, já estou muito feliz — declarou.
Convidados
Segundo Bolsonaro, “o nosso Brasil caminhava para o socialismo, para o comunismo”, mas esse processo foi interrompido com a sua vitória eleitoral.
— Um milagre — celebrou, sem se referir, diretamente, ao suposto atentado sofrido em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral. No mesmo discurso, Bolsonaro disse que se sentia “quase que em casa”. Ele falou que sempre nutriu admiração por norte-americanos e que os EUA sempre lhe serviram de exemplo.
Na lista de convidados; além dos sete ministros que acompanham Bolsonaro na viagem à capital norte-americana, e de Olavo e Bannon, entraram nove outros expoentes do pensamento conservador; entre eles Matt Schlapp, presidente da União Conservadora (norte-)Americana, e Chris Buskirk, editor do site American Greatness. O porta-voz do Planalto fez questão de afirmar que as ideias de Bolsonaro foram “muito bem recebidas” pela plateia.
Mourão
No Twitter, o presidente publicou uma foto do evento com o chanceler Ernesto Araújo e Olavo de Carvalho. Mais tarde, o filho do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), comemorou o encontro do pai com Carvalho, que se tornou guru de uma parte considerável do governo, incluindo do chanceler, além dos próprios filhos do presidente.
O custo político dessa aproximação, no entanto, ainda não foi precificada pelas Forças Armadas, que tem sido alvo de incessantes ataques do conselheiro informal da família Bolsonaro. O vice-presidente, Hamilton Mourão, foi o último alvo de Carvalho, que o destratou em uma rede social.
Bolsonaro, ou Bolonsaro segundo o assessor de Segurança da Casa Branca John Bolton grafou, em uma rede social, pretende trocar em breve os embaixadores de pelo menos 15 postos considerados chave para o governo, entre eles EUA e a representação na Organização das Nações Unidas.
Estrela da festa
Bolsonaro, embora seja o visitante ilustre, não foi o centro das atenções, durante o jantar. O escritor Olavo de Carvalho foi a verdadeira estrela do banquete de direitistas. Ministro da Economia, Paulo Guedes chegou a afirmar, após alguns brindes, que Carvalho seria “o líder da revolução”, no Brasil. Bolsonaro propôs, então, uma homenagem ao astrólogo, guru do seu clã e de diversos integrantes do governo.
— Você é o líder da revolução — bradou Guedes.
Entre os convivas, o banquete serviu também para a “quebra de gelo” na relação entre Carvalho e o ministro da Justiça, Sergio Moro, que semanas atrás também foi alvo de pesadas críticas por parte do “guru”. Moro havia nomeado a especialista Ilona Szabó como suplente no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e, após os ataques de Carvalho, foi obrigado a exonerá-la.
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