20.03.2019 às 17h50
O avô da alergologia, Bill Frankland, é mais uma voz a defender os benefícios do parto normal para uma vida com menos problemas de saúde
Getty Images
Aos 107 anos, Bill Frankland não tem dúvidas: a falta de preparação do sistema imunológico dos bebés, por não passarem pelo canal do parto, pode trazer-lhes problemas no futuro
Popularizou a contagem do pólen, como uma informação relacionada com o clima, e previu, corretamente, o aumento dos níveis de alergia à penicilina. Agora, Bill Frankland junta a sua voz à corrente que aponta o dedo às cesarianas como causa de aumento das alergias. “É uma forma estéril de começar a vida, porque não prepara adequadamente as defesas do organismo”, sublinhou.
A sua preocupação é compreensível: na Grã-Bretanha, cerca de 13% dos perto de 700 mil nascimentos anuais são agora por cesariana eletiva (ou seja, programada) enquanto outros 15% são casos de emergência. Portanto, quase um terço dos nascimentos são por cesariana.
William
"Bill" Frankland trabalhou ao lado de Alexander Fleming (o cientista
que descobriu os antibióticos) no St Mary’s Hospital, em Paddington,
Londres. Mais tarde, serviu no corpo médico da Armada Real Britânica
durante a Segunda Guerra Mundial e ajudou a criar a associação britânica
de alergologistas, em 1948. Agora, acaba de completar 107 anos – mas
nada que o impeça de trabalhar. A ele devemos a tese de que uma reação
alérgica resulta de uma deficiência nas defesas, e também foi quem abriu
caminho à possibilidade de cura a longo prazo através da exposição de
um sistema imunológico defeituoso a pequenas doses do alergéneo.
No
caso dos bebés, a grande questão é que, ao não passarem pelo canal
vaginal, não recebem as bactérias fundamentais para estimular o sistema
imunitário e, assim, serem saudáveis. Essa é a razão, acrescente-se,
para que há alguns anos se venha a considerar a ideia de esfregar os bebés nascidos por cesariana
com secreções vaginais – embora também já seja consensual que a
amamentação é outra forma de promover a saudável formação do nosso
microbioma.
Entrevistado pelo The Telegraph a propósito
de mais um aniversário, o médico mostrou-se confiante no futuro da
medicina e na convicção de que as pessoas vão viver mais tempo. Mas não
escondeu algumas preocupações: "Há novos antibióticos a serem
preparados: esperemos que não se tornem, por uso em excesso, resistentes
às bactérias”, disse o famoso alergologista, reconhecendo que a
resistência antimicrobiana é uma das principais preocupações nos
cuidados de saúde modernos.
Fonte: VISÃO PT
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