As maneiras perfeitamente legais - mas imorais - de os jovens ricos entrarem nas melhores faculdades

Quando se trata de admissões em escolas de elite, o dinheiro pode garantir acesso a quem pode pagar

Jamiles Lartey

@JamilesLartey

Qui 14 mar 2019 05.00 GMTÚltima modificação: Qui 14 Mar 2019 13.15 GMT

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Jared Kushner, genro de Donald Trump e assistente sênior, foi admitido em Harvard depois que seu pai fez uma doação de US $ 2,5 milhões para a escola, apesar de um recorde acadêmico do ensino médio "menos do que estelar". Foto: Carolyn Kaster / AP

O conceito de paródia pode ser entendido mais simplesmente como a arte cômica de levar algo familiar a tal excesso que se transforma em farsa.

Nesse sentido, o escândalo de fraude nas admissões em faculdades desta semana , que envolveu dezenas de americanos ricos e famosos, é um ato de pura, se não intencional, paródia. Porque, embora o processo tenha sido exagerado em uma extensão cômica, a realidade é que, quando se trata de admissão em escolas de elite, o dinheiro pode garantir acesso a todos aqueles que podem pagar.

"O suborno de treinadores por pessoas ricas é, na verdade, apenas um exemplo mais flagrante do que acontece o tempo todo", disse Richard Kahlenberg, membro sênior da Century Foundation, um think tank progressivo.

E enquanto os americanos mais ricos não pagam instituições de caridade falsas por fotos photoshopadas de seus filhos praticando esportes, eles nunca tentaram , ou subornaram treinadores de atletismo, como as dezenas capturadas na investigação “Varsity Blues” são acusadas de fazer, pagamento legal por diversão. nas admissões é tão rotineiro quanto injusto, disse Kahlenberg, que passou anos estudando a questão da desigualdade de oportunidades na educação.

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"Isso foi pior no sentido de que os treinadores individuais estavam forrando os bolsos, mas, de maneira geral, o mesmo tipo de suborno acontece entre indivíduos e instituições ricos todos os dias da semana", disse Kahlenberg.

Isso dificilmente pode ser surpreendente em uma paisagem onde, em cinco diferentes escolas da Ivy League , mais estudantes vieram do topo 1% da escala de renda do que de todo o fundo 60%.

Tomemos Jared Kushner , genro de Donald Trump e ajudante sênior, que foi admitido em Harvard - geralmente considerado a universidade de maior prestígio do país - depois que seu pai fez uma doação de US $ 2,5 milhões para a escola, apesar do Kushner mais jovem ser “menos do que estelar”. registro acadêmico do ensino médio.

Daniel Golden expôs o caminho de Kushner para Harvard em 2006 em seu trabalho The Price of Admission: como a classe dominante americana adquire seu caminho nas faculdades de elite. No livro, Golden descobriu que entre um comitê composto pelos 400 maiores doadores de Harvard, incluindo alguns que não tinham filhos ou eram muito jovens para ter filhos ligados à faculdade, metade dos grandes doadores tinha uma criança matriculada na escola. Kushner, herdeiro de um império imobiliário de bilhões , negou que sua aceitação tenha algo a ver com a doação.

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Golden observou que, em alguns casos, o quid-pro-quo nem sempre foi consumado antes de um aluno ser aceito em uma escola. Universidades de prestígio muitas vezes privilegiam os estudantes ricos com a suposição de que, uma vez na família da universidade, eles estarão mais propensos a doar - um fenômeno que ele chama de admissões de “desenvolvimento”.

Kahlenberg diz que a economia dessas decisões é realmente muito simples. “As faculdades dizem: 'Nós temos esses slots realmente valiosos, e vamos alavancá-los ou espremendo nossos ex-alunos para doações ou tentando obter pessoas ricas que não têm nenhuma conexão anterior com a universidade para doar'”.

Outra prática comum é a admissão legada, por meio da qual os candidatos com laços familiares com uma universidade recebem tratamento preferencial. Um estudo de 2011 sobre decisões de admissão em 30 faculdades e universidades altamente seletivas descobriu que o status de legado representava um aumento de mais de três vezes na aceitação.

Kahlenberg, que considera as legacy admissions uma forma de “suborno legalizado”, acrescenta que as universidades estendem especialmente essas considerações aos ex-alunos que doam.

Ausente de qualquer tentativa de agradar uma universidade com a promessa de incentivos financeiros, os estudantes ricos já desfrutam virtualmente de todas as vantagens do jogo de admissão - por exemplo, a influência do atletismo.

Um estudo de 2002 descobriu que a vantagem conferida pela prática de um esporte realmente excedia a fornecida pelo status legado ou pelo histórico minoritário, no que se refere a programas de ação afirmativa. Provavelmente, é por isso que William Singer, a figura central por trás do esquema de admissões, concentrava muito de seus esforços em perfis esportivos fraudulentos para os estudantes.

E, apesar das impressões que se podem colher da pequena porcentagem de atletismo universitário exibida na TV, os esportes são predominantemente extracurriculares entre os ricos.

"O tempo, o esforço e o dinheiro envolvidos em se tornar um atleta de alto nível realmente exigem muitos recursos", disse Kirsten Hextrum, professora associada de educação da Universidade de Oklahoma.

Isso é especialmente verdadeiro para esportes como a tripulação de remo, golfe, pólo aquático e esgrima que têm altas barreiras financeiras para entrar na adolescência, e são desproporcionalmente populares nas escolas da Ivy League.

E há também a indústria de preparação para faculdades profissionais, onde “para preços de até US $ 1,5 milhão, os pais podem comprar um pacote completo de cinco anos de consultoria para admissão em faculdades”, como o New York Times informou na quarta-feira.

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“Como você lida com essa situação, onde algumas pessoas podem se dar ao luxo de ter professores particulares para se prepararem para testes padronizados, professores particulares para obter as notas das pessoas, ou podem se dar ao luxo de fazer um teste três ou quatro vezes? Cursos preparatórios para o dólar? ”, disse Richard Lempert, professor de direito e sociologia emérito da Universidade de Michigan. “Não é corrupto, mas significa que aqueles que mais se posicionam para conseguir ainda mais.”

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Lempert e Kahlenberg dedicaram grandes trechos de suas carreiras ao estudo da ação afirmativa e ambos expressaram esperança de que o escândalo e o foco subsequente no processo de admissão possam desencadear um movimento em direção a reformas em todo o sistema.

"Se você fosse justo, tentaria construir um sistema de admissão que reconhecesse que certas crianças tinham enormes vantagens", Kahlenberg. “Portanto, devemos considerar seu histórico acadêmico, seus extracurriculares e até mesmo a força de suas recomendações de professores - no contexto de desvantagem”.

Fonte: https://www.theguardian.com/us-news/2019/mar/13/rich-kids-top-college-admissions