25.07.2019 às 23h50
Tetra Images/Getty Images
Tinha sido condenada por abusar da sua posição no tribunal em favor de um irmão, e cometeu a imprudência de lembrar a um juíz que ele tinha participado num atropelamento mortal
Luís M. Faria
Uma ex-juíza do Ohio que foi condenada a seis meses de cadeia por ter fornecido ilegalmente ao seu irmão documentos que o ajudariam a manter o seu emprego como funcionário judicial, teve de ser arrastada fisicamente do tribunal para cumprir a sentença.
Tracie Hunter, de 52 anos, cuja sentença original data de 2014, recusou-se a ir de moto próprio, e, vestida com roupas que lembravam a toga de magistrada, foi levada por polícias, entre gritos de "no justice, no peace" ("não há justiça, não há paz") de manifestantes fora do tribunal.
Hunter foi a primeira juíza afro-americana que serviu no tribunal de Menores, entre 2010 e 2014. Originalmente acusaram-na de vários crimes, desde alterar a data de decisões para impedir os procuradores de recorrer até aproveitar o seu acesso a documentos judiciais para tentar favorecer o seu irmão - ou, como diz a sentença, exercer um interesse ilegal num contrato público.
Foi este último crime que levou à sua condenação. A juíza recorreu e conseguiu suspender a pena até ao final dos recursos. Mas em maio um juiz federal decidiu que Hunter tinha mesmo de ir cumprir a pena.
O caso tinha entretanto gerado uma polémica pública, e o juiz que agora sentenciou Hunter mostrou postais que aludiam a um atropelamento mortal de uma mulher no qual o juiz esteve envolvido em 2013. "Se o intuito eram intimidarem-me, falhou completamente", disse.
A própria ex-juíza tinha levantado a mesma questão perante esse juiz em 2015, durante uma audiência em que procurou obrigá-lo a recusar-se. Era uma das razões que ela invocava. Mas o juiz já na altura recusou, dizendo que a atitude no acidente não tinha nada a ver com o assunto em juízo e que invocá-lo naquele contexto era inapropriado e desprezível.
Como sabe qualquer pessoa que deixa uma divergência com um juiz tornar-se pessoal (Hunter, como ex-juiza, devia estar ciente disso), não foi o gesto mais eficaz. Porém, como ela parece ter desenvolvido problemas de saúde, há apelos ao governador do estado para lhe comutar a pena - apelos que o procurador local subscreve. Mas tem de ser ela a fazer o pedido.
Luís M. Faria
Uma ex-juíza do Ohio que foi condenada a seis meses de cadeia por ter fornecido ilegalmente ao seu irmão documentos que o ajudariam a manter o seu emprego como funcionário judicial, teve de ser arrastada fisicamente do tribunal para cumprir a sentença.
Tracie Hunter, de 52 anos, cuja sentença original data de 2014, recusou-se a ir de moto próprio, e, vestida com roupas que lembravam a toga de magistrada, foi levada por polícias, entre gritos de "no justice, no peace" ("não há justiça, não há paz") de manifestantes fora do tribunal.
Hunter foi a primeira juíza afro-americana que serviu no tribunal de Menores, entre 2010 e 2014. Originalmente acusaram-na de vários crimes, desde alterar a data de decisões para impedir os procuradores de recorrer até aproveitar o seu acesso a documentos judiciais para tentar favorecer o seu irmão - ou, como diz a sentença, exercer um interesse ilegal num contrato público.
Foi este último crime que levou à sua condenação. A juíza recorreu e conseguiu suspender a pena até ao final dos recursos. Mas em maio um juiz federal decidiu que Hunter tinha mesmo de ir cumprir a pena.
O caso tinha entretanto gerado uma polémica pública, e o juiz que agora sentenciou Hunter mostrou postais que aludiam a um atropelamento mortal de uma mulher no qual o juiz esteve envolvido em 2013. "Se o intuito eram intimidarem-me, falhou completamente", disse.
A própria ex-juíza tinha levantado a mesma questão perante esse juiz em 2015, durante uma audiência em que procurou obrigá-lo a recusar-se. Era uma das razões que ela invocava. Mas o juiz já na altura recusou, dizendo que a atitude no acidente não tinha nada a ver com o assunto em juízo e que invocá-lo naquele contexto era inapropriado e desprezível.
Como sabe qualquer pessoa que deixa uma divergência com um juiz tornar-se pessoal (Hunter, como ex-juiza, devia estar ciente disso), não foi o gesto mais eficaz. Porém, como ela parece ter desenvolvido problemas de saúde, há apelos ao governador do estado para lhe comutar a pena - apelos que o procurador local subscreve. Mas tem de ser ela a fazer o pedido.
Fonte: https://expresso.pt/internacional/2019-07-25-Ex-juiza-e-literalmente-arrastada-de-uma-sala-de-audiencias-para-a-cadeia
Nenhum comentário:
Postar um comentário