Publicado por Moisés Mendes
- 19 de agosto de 2020
Todas as questões ditas disciplinares ou administrativas envolvendo Deltan Dallagnol são graves. São delitos com a aparência de que configuram apenas problemas funcionais ou deslizes de um servidor dedicado.
Mas quase tudo o que Dallagnol fazia de errado, como subchefe da força-tarefa da Lava-Jato (o chefe mesmo era Sergio Moro), era desmando com outras consequências além das funcionais.
São tantos os desmandos que nem vale a pena listar aqui de novo, ao lado de um dos mais famosos, o powerpoint em que acusava Lula de ser chefe de uma quadrilha.
Talvez o desmando mais importante, porque não é apenas deslize, seja o que inspirou o pedido da senadora Katia Abreu para que o procurador seja afastado da Lava-Jato.
É o gesto de empreendedorismo relacionado com a criação da fundação anticorrupção com dinheiro da Petrobras.
Katia Abreu pediu que, em decorrência do envolvimento na criação da fundação, e em nome do interesse público, Dallagnol se afaste do que vem fazendo.
Como o julgamento de Deltan no Conselho Nacional do Ministério Público deveria acontecer nessa terça-feira, mas foi suspenso, tudo continua na mesma.
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Mas o afastamento de Dallagnol, mesmo que acontecesse, não resolveria a questão de fundo da fundação como mistério.
A corregedoria do MP já disse que estava tudo bem, que Dallagnol não cometeu nenhuma irregularidade funcional quando tentou montar a fundação.
Mas como não cometeu, se a criação da fundação foi suspensa em março de 2019 por ordem do Supremo, a partir de iniciativa de Raquel Dodge, então procuradora-geral da República?
A fundação continua como mistério encoberto pelo corporativismo do MP, pelo abandono da imprensa e pelo cansaço das esquerdas em levar o assunto adiante.
Se nesta terça o Conselho decidisse afastar Dallagnol da força-tarefa, considerando várias acusações contra o procurador, entre as quais a queixa de Katia Abreu, quais seriam os próximos passos?
Dallagnol perderia o cargo, por causa da fundação, mas nada mais aconteceria? A fundação de Dallagnol continua como um mistério de R$ 2,5 bilhões.
E Dallagnol é hoje a grande figura impune da Lava-Jato.
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