Em entrevista à GloboNews, o médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonçalo Vecina alertou para o desmatamento na floresta, onde a quantidade de vírus existentes pode levar a outras epidemias.
Por GloboNews
O médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonçalo Vecina afirmou, em entrevista à GloboNews nesta quarta-feira (5), que o desmatamento na Amazônia pode levar a outras epidemias, como a da Covid-19, pelo fato de a floresta abrigar muitos outros vírus.
"Nós estamos agredindo a Amazônia. Na Amazônia, tem uma quantidade de vírus imensa. A próxima epidemia, com o nível de agressão que nós estamos fazendo ao meio ambiente, já está a caminho", afirmou Vecina.
"Nós temos que estar cuidando disso desde agora. E cuidar disso significa identificar esses agentes o mais cedo possível e desenvolver remédios e vacinas o mais cedo possível", acrescentou o médico.
"Portanto, investimento em ciência continuamente – ciência básica e ciência aplicada – será fundamental. Espero que os nossos próximos governantes – porque desse já não falo mais – tenham essa consciência e façam esse investimento, para que nós estejamos preparados para a próxima crise, que virá", completou Vecina.
As declarações do médico foram feitas depois que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, recuou da proposta de diminuir a meta de preservação da Amazônia.
Em maio, o ministro defendeu "passar a boiada" e "aproveitar o momento" em que o foco da sociedade e da mídia está voltado para o coronavírus para mudar regras de proteção ambiental.
Febre hemorrágica brasileira
"Alguns [vírus] nós já conhecemos", lembrou Vecina. "Tem um vírus lá [na Amazônia], chamado sabiá, que é um vírus mortal terrível", lembrou Vecina.
O vírus sabiá é o causador da febre hemorrágica brasileira, uma doença rara e de alta letalidade. Ele reapareceu no Brasil em janeiro deste ano, em São Paulo, o primeiro caso depois de 20 anos. (Veja vídeo acima).
O sabiá pertence à mesma família do vírus causador da febre de Lassa, que é endêmica em alguns países do oeste africano, como Benin, Gana, Guiné, Libéria, Mali, Serra Leoa, Togo e Nigéria.
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