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A queda do regime de Bashar Assad significará o fim da civilização cristã não apenas na Síria, mas em todo o Oriente Médio, temem os especialistas. Já hoje os seguidores da doutrina de Cristo na região são submetidos a cruéis perseguições e perigo de morte. Depois do Cristianismo ali podem desaparecer todas as religiões tradicionais.
Aqueles que hoje na Síria conduzem a guerra contra Bashar Assad são pessoas ligadas à internacional terrorista, por exemplo, a Al-Qaeda. Eles não reconhecem os valores de nenhuma religião além da sua. E por isso todos os que não partilham de seus pontos de vista sobre a vida e política são “estranhos”. Tal convicção foi expressa à Voz da Rússia pelo chefe da Associação Russa de Ulemás da Concordância Islâmica mufti Farid Salman.
“A Al-Qaeda é um dos movimentos islâmicos, que acha que os cristãos não são gente. Se para o Islã tradicional os cristãos e judeus são pessoas das Escrituras, do ponto de vista dos radicais, islamitas e semelhantes irmãos, os cristãos e judeus não apenas não são parceiros do diálogo inter-religioso, mas não são nem gente. Semelhante fenômeno nós vemos agora no Egito, por exemplo. Assim que os salafitas e a Irmandade Muçulmana obtiveram uma parcela de poder com o presidente Mursi deposto, no país logo começaram as contradições e conflitos inter-religiosos. Como resultado a maioria dos cristãos coptas foi obrigada a fugir do país. No entanto os coptas são não apenas população nativa do país, mas eles, outrora, abriram as portas do Islã para árabes no Egito. O mesmo acontece hoje na Síria."
Farid Salman está convicto de que se os islamitas chegarem ao poder na Síria, o roteiro de liquidação do Cristianismo será muito mais duro do que foi, por exemplo, no vizinho Iraque.
“Diferentemente do Iraque, na Síria as relações entre cristãos e muçulmanos foram muito mais sólidas e profundas. Se no Iraque as relações inter-religiosas eram puramente de parceria, na Síria elas têm caráter humano e humanitário. E por isso também as relações de islamitas com os cristãos serão totalmente diferente. Do ponto de vista dos islamistas tudo o que está relacionado com o Cristianismo deve ser destruído. Eu vi com meus próprios olhos como já agora na Síria destroem toda a herança cristão do país."
Os receios do mufti russo em relação ao futuro do Cristianismo na região não são em vão e já se confirmaram mais de uma vez na história contemporânea do mundo, considera o estudioso da religião e do Islã, Roman Silantiev:
“Hoje temos muitos exemplos de extermínio da população cristã com a vitória de wahhabi. Muito poucos cristãos restaram no Iraque, quase não restam cristãos no Afeganistão, há muito tempo já não há cristãos nativos na Arábia Saudita, apesar de eles terem surgido lá muito antes que os muçulmanos. Em todos os países onde os wahhabi chegam ao poder, os cristãos ficam numa situação discriminatória, são liquidados ou expulsos do país. Este é um problema mundial. O mesmo observamos na Nigéria, Paquistão e outros países."
Declarando uma “cruzada” contra o governo de Bashar Assad, os países do Ocidente não pensam que, em essência, eles assinam a pena de morte ao Cristianismo na Síria. Este o ponto de vista expresso à Voz da Rússia pelo politólogo, especialista do Instituto de Pesquisas Estratégicas, Azhdar Kurtov.
"Observando os pronunciamentos de políticos ocidentais e publicações na mídia ocidental, não posso deixar de assinalar que os problemas que contam em relação à Síria, habitualmente referem-se a violações do direito internacional humanitário da população civil. Mas ignoram ou silenciam propositadamente os problemas inter-religiosos. Isto é compreensível. Pois não são as tropas governamentais que atacam a população cristã e comunidades de outras religiões, que não pertencem a organizações radicais sunitas. Mas se nas capitais do mundo ocidental afirmam que seu objetivo na Síria é a correspondência entre as altas normas, inclusive os direitos humanos, eles devem atentar para as circunstâncias indecorosas do brusco crescimento da inimizade entre religiões."
Na opinião de muitos historiadores e cientistas políticos, justamente a presença de cristãos na Síria e no Oriente Médio era uma espécie de garantia da manutenção e fortalecimento do Islã tradicional e civilizado na região.
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