50% dos votos foram apurados até o momento; mais da metade da população participou do referendo
Os habitantes da Crimeia decidiram com 95,5% dos votos se integrar à Rússia em um referendo realizado neste domingo, de acordo com resultados preliminares após a apuração de 50% dos votos, informaram autoridades locais.
O presidente da Comissão do Referendo, Mykhaylo Malyshev, declarou que 3,5% dos eleitores votaram pela permanência da Crimeia na Ucrânia com mais autonomia, e que 1% dos votos eram nulos. 79% da população participou da votação, enquanto 12% dos tártaros boicotaram o referendo.
O primeiro-ministro da Crimeia, Sergei Aksyonov, comemorou a decisão "histórica", embora a comissão eleitoral tenha comunicado que o resultado definitivo será anunciado apenas durante a manhã desta segunda-feira, 17.
Uma delegação do parlamento da Crimeia pedirá nesta segunda-feira, 17, em uma sessão extraordinária, a incorporação da região à Rússia ao presidente Vladimir Putin, disse o primeiro-ministro crimeano, Sergei Aksyonov. "Faremos tudo o mais rapidamente possível, embora cumprindo todos os requisitos legais", disse à agência Interfax.
Aksyonov anunciou ainda, em seu twitter, a volta do rublo, moeda usada há séculos pela Rússia, horas depois da divulgação do resultado do referendo.
A Casa Branca fez um comunicado reafirmando que rejeita o resultado do referendo. "Este referendo é contrário à Constituição da Ucrânia, e a comunidade internacional não reconhecerá os resultados desta votação realizada sob ameaças de violência e intimidação por parte da intervenção militar russa", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
A nota diz ainda que “as ações da Rússia são perigosas e desestabilizadoras”, e que os Estados Unidos e os seus aliados deixaram claro que “a intervenção militar e a violação da lei internacional trarão aumentos de custos para a Rússia”.
Por fim, o comunicado faz ainda um apelo a comunidade internacional para que continue condenando as ações da Rússia e apoiando o povo ucraniano e sua integridade e soberania territorial.
Um milhão e meio de eleitores da península ucraniana da Crimeia foram às urnas para decidir entre "a reunificação com a Rússia como membro da Federação Russa" ou o retorno do status de 1992, que nunca foi aplicado, que dá mais autonomia à região. Manter o status atual dentro da Ucrânia não era uma das opções.
A mídia ucraniana chegou a dizer que a votação na Crimeia teria sido manipulada pela Rússia. Muitos cidadãos russos, que não estariam inscritos nas listas eleitorais, teriam sido transportados de avião para votar no referendo.
A Crimeia foi historicamente parte da Rússia até que a União Soviética cedeu o território à Ucrânia em 1954, por decisão de Nikita Krushceov, no entanto, manteve no porto de Sebastopol a base de sua frota no Mar Negro.
A maioria da população fala russo e era favorável à anexação. As minorias ucraniana e tártara, que representam 37% da população, por outro lado, tinham pedido o boicote do referendo.
O governo ucraniano considera o referendo "ilegal" e "inconstitucional", assim como os países ocidentais, que chamaram o referendo de "ilegítimo" por acontecer em um território ocupado por um exército estrangeiro. Eles também advertiram que o resultado não será reconhecido pela comunidade internacional.
Após a destituição do presidente Viktor Yanukovytch, em 22 de fevereiro, e a posse em Kiev de um novo governo pró-Ocidente, civis armados pró-Moscou, com o apoio de militares russos, tomaram o controle da Crimeia.
Os países União Europeia e Estados Unidos anunciaram que não reconhecerão o resultado do referendo e que aplicarão sanções contra a Rússia.
Rússia e Ucrânia acertaram um cessar-fogo que deverá valer ao menos até a próxima sexta-feira, declarou neste domingo em Kiev o ministro ucraniano da Defesa, Ihor Tenyukh.
De acordo com o ministro, até o próximo dia 21, os soldados russos estacionados na Crimeia não vão atacar bases militares ucranianas. A Rússia prometeu ainda suspender temporariamente o bloqueio a bases militares ucranianas na Crimeia.
Com informações da Deutsche Welle, EFE e AFP.
Fonte: TERRA
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