Seul responde com granadas depois que projéteis norte-coreanos caíram ao sul da linha de demarcação, local que Pyongyang não reconhece
Dois tanques de guerra anfíbios da marinha sul-coreana. / K. H. (REUTERS)
A fronteira entre as duas Coreias –uma das mais armadas do mundo- ficou sacudida de novo, nesta segunda-feira, pela tensão vivida pelos dois países. Pyongyang realizou alguns exercícios militares com fogo para o mar poucas horas depois de ter avisado Seul, e a Coreia do Sul respondeu com granadas e o envio de aviões de combate, e evacuou para os refúgios subterrâneos os residentes de uma ilha próxima à fronteira marítima em disputa.
O Exército norte-coreano disparou 500 projéteis de artilharia, dos quais mais de cem caíram em águas ao sul da chamada Linha Limítrofe do Norte (LLN) a partir das 12h15 (horário local), segundo informou o Ministério de Defesa da Coreia do Sul. O Exército do Sul respondeu ao ataque com o lançamento de 300 projéteis de artilharia ao norte da LLN, segundo Seul informou.
A LLN foi traçada no final da guerra da Coreia (1950-1953), mas Pyongyang não a reconhece. Enfrentamentos registrados no passado entre as forças navais dos dois países em seus arredores produziram dúzias de vítimas mortais em ambos os lados.
O Exército norte-coreano enviou um fax ao Sul às oito da manhã anunciando que ia realizar os exercícios com fogo em sete regiões fronteiriças no mar. “A Coreia do Norte pediu à Coreia do Sul que controlasse seus barcos em sete regiões ao norte da LLN antes de iniciar seus exercícios de fogo”, explicou o Estado Maior Conjunto. “proibimos que os barcos entrem na zona de exercícios para segurança de residentes e marinheiros”. Não é habitual que Pyongyang anuncie uma zona de práticas que abarque todas as regiões fronteiriças ocidentais.
O exército sul-coreano foi posto em alerta máximo, já que, durante os exercícios de tiro em 2010, alguns projéteis caíram também ao sul da linha de demarcação marítima.
Pyongyang disparou na quarta-feira da semana passado dois mísseis de alcance médio ao mar, o que provocou a condenação do Conselho de Segurança da ONU. A Coreia do Norte não utilizava esses projéteis há cinco anos.
O regime norte-coreano acusou, no fim de semana passado, a Coreia do Sul de se comportar “como um gângster” por ter “sequestrado” um de seus pesqueiros e ameaçou com represálias. Seul devolveu o barco -que cruzava a fronteira marítima à deriva- e seus três tripulantes na sexta-feira. Disse que o barco sofria uma falha do motor.
Em 2010, um barco de guerra sul-coreano foi afundado nesta área. 46 marinheiros morreram. Uma equipe de investigação liderada pela Coreia do Sul e Estados Unidos opinou que foi afundado por um torpedo norte-coreano. Pyongyang negou a acusação. Em novembro desse mesmo ano, o Norte bombardeou uma ilha sul-coreana na mesma zona e matou quatro pessoas. As duas Coreias seguem tecnicamente em guerra, já que o conflito da Coreia terminou com uma trégua que nunca se converteu em acordo de paz definitivo.
Fonte: EL PAIS
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