Grupo islamista denuncia intimidação para favorecer candidatura de general golpista
O Estado de S. Paulo
CAIRO - Um tribunal do Egito condenou nesta segunda-feira 529 partidários da Irmandade Muçulmana à morte. Eles são acusados de homicídio, tentativa de homicídio e depredação de prédios públicos. O julgamento ocorreu na cidade de Minya, ao norte de Cairo.
AP
Morsi foi derrubado em golpe de Estado em junho
A maioria dos acusados foram julgados sem oportunidade de defesa, enquanto 150 pessoas tiveram audiências sem precedentes, que duraram apenas dois dias. Dezesseis suspeitos foram absolvidos.
O veredicto e as sentenças ainda podem ser revertidas com recursos, segundo os advogados dos condenados. "Esse foi o meio mais inaceitável de todos", disse o advogado Mohammed Zarie." O judiciário do Egito usou a Justiça como uma ferramenta de vingança", afirmou.
Por meio de um porta-voz, a Irmandade Muçulmana afirmou que a decisão pretende intimidar os manifestantes diante do iminente anúncio da candidatura do chefe do Exército, Abdel Fatah al-Sisi, à presidência.
O grupo, declarado terrorista pelas autoridades em dezembro do ano passado, denunciou que o tribunal não permitiu que os advogados e testemunhas fossem ouvidas. "Os cidadãos livres não serão intimidados por uma decisão injusta, que pelo contrário, aumentará sua fé em sua revolução e sua causa", disse a Irmandade.
O porta-voz, que pediu anonimato, criticou o fato do tribunal ter emitido a sentença após apenas duas sessões que duraram pouco mais de cinco minutos cada uma e classificou o julgamento de "político".
Amanhã ocorre outro julgamento, com 683 acusados de cometer os mesmos atos, que podem receber punições semelhantes.
Desde o golpe militar de 3 de julho contra o presidente Mohamed Morsi, milhares de seguidores da Irmandade foram detidos e dezenas deles condenados, mas até agora não a pena de morte não havia sido decretada.
A audiência do julgamento aconteceu entre estritas medidas de segurança. As ruas que dão acesso à sede do tribunal foram bloqueados pela polícia. / AP e EFE
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