A estrela dos EUA, que marcou cinco vezes na estreia do país no Mundial, lidera ação judicial contra a federação do seu país exigindo igualdade salarial
Pablo Ximénez de Sandoval
Los Angeles 12 JUN 2019 - 00:10 CEST
Logo na estreia da Copa do Mundo feminina da França 2019, a seleção dos Estados Unidos quebrou o recorde de maior goleada em Copas, contando a categoria masculina: 13 a 0 na Tailândia, na cidade de Reims, pelo grupo F. Lavelle e Mewis marcaram duas vezes, enquanto Horan, Rapinoe, Pugh e Lloyd também deixaram seus gols. O restante foi feito por Alex Morgan. Entre jogadas geniais e vacilos da defesa tailandesa, a atacante de 29 anos fez cinco gols em sua estreia no torneio da França, já disparando no ranking de artilheiras do torneio. Um feito que comprova o status de estrela da camisa 13, que é capaz de fazer qualquer coisa acontecer num jogo de futebol.
A canhota de ouro da seleção dos EUA chegou à França com uma autoridade internacional que poucas jogadoras alcançaram. Aos 29 anos, será o terceiro Mundial de Alex Morgan, que jogou 12 partidas nesses torneios. É terceira com mais participações entre as americanas, depois de Ali Krieger e Carli Lloyd. Marcou três gols na competição, mas nunca teve uma Copa brilhante. Esta tem tudo para ser a dela.
É a líder em campo, e também fora dele: Morgan se tornou uma voz pela igualdade com especial impacto nos Estados Unidos. No último Dia da Mulher, em 8 de março, Morgan e suas colegas da seleção apresentaram em um tribunal de Los Angeles uma demanda contra a federação de futebol dos Estados Unidos por discriminação salarial. Nos EUA, elas são tão conhecidas quanto o time masculino. Ganharam três Copas (199, 1999 e 2015) e detêm o recorde de audiência de um jogo de futebol no país. E, entretanto, entre salário e variáveis, só podem aspirar a ganhar 38% do que ganham os homens. Além disso, denunciavam a falta de apoio da federação aos times e instalações.
O nome de Morgan aparece em primeiro lugar na ação. “Em algum momento será preciso rever isso”, dizia Morgan numa entrevista de capa da revista Time em 3 de junho. “Como é possível termos tido que lutar todo este tempo, ano após ano?” Em outro momento, rejeita completamente a ideia de que os esportistas não devem se meter em política. Critica o presidente Donald Trump e diz que, se os EUA ganharem a Copa e o time for convidado à Casa Branca, ela não irá.
A revista já a tinha incluído previamente na sua lista das 100 pessoas mais influentes de 2018. A lenda do futebol feminino norte-americano Mia Hamm escrevia sobre ela: “Como mãe de duas meninas de 12 anos, entendo perfeitamente o impacto que Alex tem para esta geração de meninas. Ninguém iguala seu compromisso dando um exemplo positivo, e estou incrivelmente grata de que o futuro do nosso jogo esteja em tão boas mãos”.
Alexandra Patricia Morgan começou a jogar futebol aos 14 anos em seu colégio de Diamond Bar, um subúrbio na zona leste de Los Angeles. Tem experiência internacional desde que entrou no time sub-20, aos 17 anos, enquanto estudava na Universidade da Califórnia em Berkeley e jogava numa equipe universitária, os Califórnia Golden Bears. Marcou o gol da vitória no Mundial Sub-20 da França em 2008.
Em algumas ocasiões, disse que encontrou na Espanha o empurrão para desejar ser profissional. Em uma entrevista à Sports Illustrated, Morgan contou que entendeu realmente o poder do futebol quando foi a Madri passar alguns meses, ao final do seu primeiro ano de universidade. Ia ao campo com uma bola e começava a aparecer gente para jogar. Eram homens “de 40 ou 50 anos, bebendo vinho e fumando”, diz Morgan na entrevista, “e eu era uma garota branca americana que mal conseguia manter uma conversa”. Ganhou o respeito deles com gols do meio de campo, conta. “Madri me fez amar a linguagem universal do futebol. O tempo que passei na Espanha foi quando descobri o mundo do futebol.”
Durante anos, seus treinadores destacaram que era uma jogadora elétrica, capaz de dar piques a qualquer momento a partir da sua posição de ponta esquerda. É letal quando recebe a bola entrando em velocidade pelo canto esquerdo da área. Suas coletâneas de gols estão cheias de indefensáveis bombas de canhota no segundo pau. Em sua biografia oficial na seleção, consta que seus treinadores a chamavam de Baby Horse (bebê-cavalo), porque não corre, galopa.
Desde 2015 joga no Orlando Pride. É a sexta maior artilheira da Liga (que tem seis anos de existência) com 35 gols em 87 jogos. Em dezembro de 2014 casou-se com o também jogador Servando Carrasco, de 30 anos, que jogava pelo Orlando City, time da mesma cidade do Pride, mas se transferiu ao Los Angeles Galaxy, na costa oposta do país, no ano passado.
Fonte - EL PAIS
Pablo Ximénez de Sandoval
Los Angeles 12 JUN 2019 - 00:10 CEST
Logo na estreia da Copa do Mundo feminina da França 2019, a seleção dos Estados Unidos quebrou o recorde de maior goleada em Copas, contando a categoria masculina: 13 a 0 na Tailândia, na cidade de Reims, pelo grupo F. Lavelle e Mewis marcaram duas vezes, enquanto Horan, Rapinoe, Pugh e Lloyd também deixaram seus gols. O restante foi feito por Alex Morgan. Entre jogadas geniais e vacilos da defesa tailandesa, a atacante de 29 anos fez cinco gols em sua estreia no torneio da França, já disparando no ranking de artilheiras do torneio. Um feito que comprova o status de estrela da camisa 13, que é capaz de fazer qualquer coisa acontecer num jogo de futebol.
A canhota de ouro da seleção dos EUA chegou à França com uma autoridade internacional que poucas jogadoras alcançaram. Aos 29 anos, será o terceiro Mundial de Alex Morgan, que jogou 12 partidas nesses torneios. É terceira com mais participações entre as americanas, depois de Ali Krieger e Carli Lloyd. Marcou três gols na competição, mas nunca teve uma Copa brilhante. Esta tem tudo para ser a dela.
É a líder em campo, e também fora dele: Morgan se tornou uma voz pela igualdade com especial impacto nos Estados Unidos. No último Dia da Mulher, em 8 de março, Morgan e suas colegas da seleção apresentaram em um tribunal de Los Angeles uma demanda contra a federação de futebol dos Estados Unidos por discriminação salarial. Nos EUA, elas são tão conhecidas quanto o time masculino. Ganharam três Copas (199, 1999 e 2015) e detêm o recorde de audiência de um jogo de futebol no país. E, entretanto, entre salário e variáveis, só podem aspirar a ganhar 38% do que ganham os homens. Além disso, denunciavam a falta de apoio da federação aos times e instalações.
O nome de Morgan aparece em primeiro lugar na ação. “Em algum momento será preciso rever isso”, dizia Morgan numa entrevista de capa da revista Time em 3 de junho. “Como é possível termos tido que lutar todo este tempo, ano após ano?” Em outro momento, rejeita completamente a ideia de que os esportistas não devem se meter em política. Critica o presidente Donald Trump e diz que, se os EUA ganharem a Copa e o time for convidado à Casa Branca, ela não irá.
A revista já a tinha incluído previamente na sua lista das 100 pessoas mais influentes de 2018. A lenda do futebol feminino norte-americano Mia Hamm escrevia sobre ela: “Como mãe de duas meninas de 12 anos, entendo perfeitamente o impacto que Alex tem para esta geração de meninas. Ninguém iguala seu compromisso dando um exemplo positivo, e estou incrivelmente grata de que o futuro do nosso jogo esteja em tão boas mãos”.
Alexandra Patricia Morgan começou a jogar futebol aos 14 anos em seu colégio de Diamond Bar, um subúrbio na zona leste de Los Angeles. Tem experiência internacional desde que entrou no time sub-20, aos 17 anos, enquanto estudava na Universidade da Califórnia em Berkeley e jogava numa equipe universitária, os Califórnia Golden Bears. Marcou o gol da vitória no Mundial Sub-20 da França em 2008.
Em algumas ocasiões, disse que encontrou na Espanha o empurrão para desejar ser profissional. Em uma entrevista à Sports Illustrated, Morgan contou que entendeu realmente o poder do futebol quando foi a Madri passar alguns meses, ao final do seu primeiro ano de universidade. Ia ao campo com uma bola e começava a aparecer gente para jogar. Eram homens “de 40 ou 50 anos, bebendo vinho e fumando”, diz Morgan na entrevista, “e eu era uma garota branca americana que mal conseguia manter uma conversa”. Ganhou o respeito deles com gols do meio de campo, conta. “Madri me fez amar a linguagem universal do futebol. O tempo que passei na Espanha foi quando descobri o mundo do futebol.”
Durante anos, seus treinadores destacaram que era uma jogadora elétrica, capaz de dar piques a qualquer momento a partir da sua posição de ponta esquerda. É letal quando recebe a bola entrando em velocidade pelo canto esquerdo da área. Suas coletâneas de gols estão cheias de indefensáveis bombas de canhota no segundo pau. Em sua biografia oficial na seleção, consta que seus treinadores a chamavam de Baby Horse (bebê-cavalo), porque não corre, galopa.
Desde 2015 joga no Orlando Pride. É a sexta maior artilheira da Liga (que tem seis anos de existência) com 35 gols em 87 jogos. Em dezembro de 2014 casou-se com o também jogador Servando Carrasco, de 30 anos, que jogava pelo Orlando City, time da mesma cidade do Pride, mas se transferiu ao Los Angeles Galaxy, na costa oposta do país, no ano passado.
Fonte - EL PAIS
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