Sacramento e Fiore Júnior: dois dos quatro acusados |
Uma enfermeira de 56 anos se emociona até hoje do que testemunhou em 1986 em um hospital de Taubaté (SP).
“Falaram que o rapaz tinha sido atropelado. Quando foi trazido para o centro cirúrgico, ele estava com a cabeça toda enfaixada. Pensei que fosse uma cirurgia de crânio e, no fim, foi tão estranho: tiraram os seus dois rins, que foram colocados em uma caixa de plástico. O paciente ainda estava vivo e se debatia muito porque a anestesia não pegou. Aí ele [Pedro Henrique Torrecillas] pegou... Ah, meu pai. Ele pegou um bisturi e deu um pique, um pique praticamente no meio do peito. O paciente parou de se mexer, nós levamos ele para a UTI. E aí encerrou.”
O nefrologista Pedro Henrique Masjuan Torrecillas é um dos médicos que serão submetidos a um júri popular em 2011, provavelmente no primeiro semestre, sob a acusação do Ministério Público de tirar órgãos de pacientes ainda vivos para vendê-los a clínicas particulares de São Paulo.
Os outros médicos são os neurocirurgiões Mariano Fiores Júnior (foto) e Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro e o urologista Rui Noronha Sacramento (foto).
Todos afirmam que são inocentes, e a seu favor têm a absolvição em 1988 do CRM (Conselho Regional de Medicina) de São Paulo da acusação de tráfico de órgãos e de eutanásia. Absolvição confirmada em 1988 pelo CFM (Conselho Federal de Medicina). Garantem que os pacientes estavam em morte encefálica quando houve a retirada dos órgãos e que a documentação apreendida pela polícia foi manipulada. O diagnóstico das mortes foi assinado por Fiore Júnior.
A polícia precisou de dez anos, até 1996, para encerrar as investigações por causa das dificuldades em obter provas e dos seguidos recursos – todos negados pela Justiça -- impetrados pelos médicos para o arquivamento do caso.
Mesmo assim, o delegado Roberto Martins de Barros, 66, que responsável pelo inquérito, não conseguiu provar ter havido um esquema de tráfico de órgãos, mas ele garante existir provas de que os médicos cometeram homicídio doloso (intenção de matar) de José Miguel da Silva, Alex da Silva, Irani Gobo e José Faria Carneiro. Os pacientes tiveram órgãos retirados quando ainda estavam vivos, em coma, mas atividade cerebral, de acordo com laudo do IML (Instituto Médico-Legal).
O médico Rossevelt Kalume, 63, é a principal testemunha de acusação. Foi ele quem denunciou ao CRM que estava havendo algo de estranho com médicos da Faculdade de Medicina de Taubaté que atuavam no Hospital Santa Isabel de Clínicas, hoje extinto.
Esses médicos participavam de um suposto convênio entre a faculdade de medicina e o Hospital das Clínicas de São Paulo para a retirada de órgãos de pacientes mortos no Santa Isabel. Mas Kalume era o diretor da faculdade e sabia que nunca existiu tal convênio. Para aonde então estariam indo os órgãos retirados por aqueles médicos que administrativamente estavam sob o seu comando?
Depois Kalume ficou sabendo que os “mortos” não estão tão mortos assim. "Os pacientes ainda tinham fluxo cerebral." A equipe médica, segundo ele, falsificava diagnóstico de morte encefálica para que a família dos pacientes autorizasse a retirada dos rins e de outros órgãos. Na época, os jornais chamaram as denúncias de "caso Kalume". Em 2003, o caso foi apresentado a uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de tráfico de órgãos.
Na CPI, Kalume contou que os médicos se valeram até mesmo de um médium que procurou a família de um paciente para dizer que acabara de ter contato com o espírito do morto e que ele tinha dado a permissão para a retirada dos órgãos.
A família que recebeu o "aconselhamento" do médium está entre as testemunhas.
Fonte: PAULOPES WEBLOG
O médico Rossevelt Kalume, 63, é a principal testemunha de acusação. Foi ele quem denunciou ao CRM que estava havendo algo de estranho com médicos da Faculdade de Medicina de Taubaté que atuavam no Hospital Santa Isabel de Clínicas, hoje extinto.
Esses médicos participavam de um suposto convênio entre a faculdade de medicina e o Hospital das Clínicas de São Paulo para a retirada de órgãos de pacientes mortos no Santa Isabel. Mas Kalume era o diretor da faculdade e sabia que nunca existiu tal convênio. Para aonde então estariam indo os órgãos retirados por aqueles médicos que administrativamente estavam sob o seu comando?
Depois Kalume ficou sabendo que os “mortos” não estão tão mortos assim. "Os pacientes ainda tinham fluxo cerebral." A equipe médica, segundo ele, falsificava diagnóstico de morte encefálica para que a família dos pacientes autorizasse a retirada dos rins e de outros órgãos. Na época, os jornais chamaram as denúncias de "caso Kalume". Em 2003, o caso foi apresentado a uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de tráfico de órgãos.
Na CPI, Kalume contou que os médicos se valeram até mesmo de um médium que procurou a família de um paciente para dizer que acabara de ter contato com o espírito do morto e que ele tinha dado a permissão para a retirada dos órgãos.
A família que recebeu o "aconselhamento" do médium está entre as testemunhas.
Fonte: PAULOPES WEBLOG
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