MP aponta indícios de abuso policial na prisão do padre Silvio Andrei
Uma audiência foi marcada para o início de outubro, com o objetivo de esclarecer alguns pontos da investigação da promotoria
O Ministério Público (MP) de Ibiporã, Norte do Paraná, apontou que houve indícios de abuso de autoridade na prisão do padre Silvio Andrei, detido nu e com sinais de embriaguez, no próprio carro, no dia 16 de maio. Uma audiência foi marcada para o início de outubro, com o objetivo de esclarecer alguns pontos da investigação da promotoria. Se houver confirmação de abuso de poder, os policiais envolvidos no caso poderão ser denunciados à Justiça.
De acordo com a assessoria de imprensa do MP, há “indícios de autoria e materialidade da prática do crime de abuso de autoridade” dos policiais que atuaram na prisão do padre. Isso porque, conforme informou a assessoria, a promotoria assistiu às imagens do dia da prisão. As imagens do circuito interno da delegacia, às quais o JL teve acesso, mostram o padre Silvio Andrei sendo empurrado por policiais e impedido de vestir as calças.
Denúncias contra o padre
Na semana passada, a Justiça de Ibiporã, acolheu três das quatro acusações propostas pelo Ministério Público (MP)Silvio Andrei. Entre as acusações está corrupção ativa, já que, segundo os policiais, o sacerdote teria tentado suborná-los. Além disso, há as denúncias de importunação ofensiva ao pudor e ato obsceno. A Justiça rejeitou, porém, a de embriaguez ao volante, por falta de prova material – não foi feito teste do bafômetro nem exame de sangue. contra o padre
A audiência, marcada para outubro, terá a presença da promotora, dos policiais e de seus respectivos advogados, além do juiz. A promotoria quer saber como foi a prisão, e porque foi de determinada forma. De acordo com o MP, a partir daí o caso poderá ser encaminhado para a Justiça Militar, como sugestão de punição administrativa. Há ainda a possibilidade de oferecer denúncia na Justiça comum. Tudo isso desde que seja comprovado o abuso de autoridade.
A reportagem tentou contato com o advogado de defesa do padre, Walter Bittar, para ele comentar o assunto, mas a secretária informou que ele estava viajando. O celular estava desligado.
Imagens
Segundo as imagens, o padre Silvio é conduzido à delegacia, somente com uma camisa, e levado a uma sala onde não há visão da câmera. Alguns minutos depois, o preso é empurrado para fora da sala e, antes de bater com a cabeça em uma grade, leva outro empurrão, de menor intensidade, de outro policial.
O sacerdote foi algemado com os braços para trás e teve um dos tornozelos algemado em uma grade da cela. Diversos policiais se movimentam nesta sala. Alguns deles fotografaram e filmaram o religioso somente com a camisa, enquanto outros preenchiam documentos.
Um dos policiais, minutos depois, tira as algemas da mão do padre e desprende-o da cela, sem retirar as algemas do tornozelo. Neste momento, o religioso recebe uma cueca. Mais tarde, calças lhe são entregues, mas o padre é impedido de vesti-las. Outro policial retira a vestimenta das mãos do padre, que estava prestes a vesti-la, e coloca em uma mesa ao lado.
Foi neste momento que chegaram, segundo as imagens, duas equipes de televisão e iniciaram as gravações do padre somente vestindo camisa e cueca. Em todos os momentos em que é filmado ou fotografado por policiais ou repórteres, Andrei vira de costas.
Fonte: GAZETA DO POVO
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