A Justiça dos Estados Unidos condenou nesta sexta-feira um ex-agente da CIA (Agência Central de Inteligência) a 30 meses de prisão por vazar informações sigilosas do órgão. Em 2007, ele revelou o nome de um agente envolvido em tortura contra presos da base de Guantánamo.
John Kiriakou, 48, é o primeiro funcionário do órgão punido em 27 anos por violar a chamada Lei de Proteção de Identidades da Inteligência, sobre o sigilo dos nomes dos funcionários ativos do órgão. A prisão foi a sexta de agentes do órgão que vazaram informações da CIA à imprensa desde o início do governo Barack Obama.
Kiriakou foi agente da entidade entre 1990 e 2004 e participou das maiores operações da entidade após os ataques de 11 de setembro de 2001. Em março de 2002, ele liderou o grupo que prendeu Abu Zubaydan, suspeito de participar da cúpula da rede terrorista Al Qaeda.
Em 2007, ele deu uma entrevista à emissora americana ABC em que denunciou o uso de táticas de tortura, como o sufocamento e o mergulho da cabeça dos suspeitos em um balde de água.
O ex-agente afirmou que a técnica não era mais usada dentro dos Estados Unidos, mas que agentes da CIA a aplicavam como uma forma de prevenir novos ataques terroristas. Após a entrevista, ele informou o nome de um de seus colegas que participou dos atos de tortura a um repórter freelancer.
O jornalista repassou o nome do agente envolvido a advogados de supostos terroristas da Al Qaeda presos na base de Guantánamo, o que provocou uma sindicância interna na CIA que chegou ao nome de Kiriakou. Em 2008, o jornal "New York Times" descobriu que Deuce Martinez foi o agente denunciado.
PROCESSO
Kiriakou foi indiciado em janeiro do ano passado e considerado culpado pelo vazamento em outubro. Seus defensores dizem que ele deveria ter sido absolvido por denunciar o uso de tortura contra terroristas pelos agentes da CIA.
A acusação, no entanto, considerou que a revelação do dado sigiloso foi uma forma de aumentar sua fama após a entrevista à ABC News. Em uma das audiências à Justiça, ele disse estar arrependido, mas o argumento não foi considerado pelos magistrados.
A pena de 30 meses foi determinada após um acordo entre a defesa e os promotores. Ao anunciar a sentença, a juíza federal responsável pelo caso, Leonie Brinkema, disse que a pena foi muito branda e que o condenaria por mais anos de prisão pelo dano causado no incidente.
Fonte: FOLHA DE SP
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