Ativista mostra seus machucados em foto | Foto: Reprodução
Felipe Amorim,
do Opera Mundi
A ativista Cecily McMillan, do movimento Occupy Wall Street, foi condenada pelo júri de Manhattan e poderá pegar até sete anos de prisão pelo crime de agressão a um policial durante a desocupação de um parque público em Nova York, em março de 2012. Entre os mais de 2.600 processos abertos contra manifestantes — a maioria dos quais foi arquivada —, sua sentença é a mais grave (e a última) entre as 56 expedidas pela Justiça norte-americana.
Embora as práticas da polícia nova-iorquina tenham sido apontadas por muitos como desproporcionais e excessivamente violentas, nenhum policial foi processado pela atuação na repressão dos protestos do Occupy Wall Street.
Pós-graduanda de 25 anos de idade, McMillan foi considerada culpada na última segunda-feira (05) por ter deliberadamente acertado uma cotovelada no olho do policial Grantley Bovell. Para o júri, formado por oito mulheres e quatro homens, McMillan agrediu intencionalmente o oficial com o intuito de “impedi-lo de exercer seu trabalho legítimo”. Em sua defesa, a ré afirma que teve uma reação instintiva após ter seu peito agarrado e arranhado pelo homem, o qual, surgindo por trás de suas costas, ela sequer sabia quer era policial.
Dezenas de membros do movimento estiveram presentes nas sessões do julgamento de quatro semanas de duração. Gritos de “Vergonha!” foram ouvidos após a leitura da decisão, que estabeleceu o próximo dia 19 como data para a fixação da pena, que pode variar de 2 a 7 anos de cadeia. Os ânimos se agitaram ainda mais quando o juiz Ronald Zweibel determinou que McMillan fosse imediatamente algemada e presa, rejeitando pedidos de fiança — muito embora ela seja ré primária com endereço fixo e jamais tenha faltado a uma audiência judicial. “Corrupção é o combustível e a corte é a ferramenta”, gritou um dos apoiadores.
Desde o início do trâmite judicial, McMillan não teve a mesma opção de outros réus: a maioria assumiu a culpa e não enfrentou todo o processo legal. Como ela não pode fazer esse acordo e admitir um delito mais leve, teve de se submeter ao julgamento criminal.
Provas admitidas
O advogado da ativista, Martin Stolar, classificou o veredito como “um terrível erro” e apontou “numerosos equívocos” no decorrer do julgamento. Uma das principais provas utilizadas pela acusação foi um vídeo do YouTube supostamente mostrando o momento da agressão. O júri, inclusive, pediu para rever a gravação antes de deliberar a sentença.
“Em uma rápida olhada sem análises, parece uma agressão”, disse Stolar ao jornal The Guardian. “Mas não mostra o que aconteceu com Cecily”, completou, ressaltando que o contexto da manifestação foi deixado de lado. O evento ocorreu na noite de 17 de março de 2012, quando o Ocuppy Wall Street completava seis meses de criação. Meses antes, os ativistas já tinham sido expulsos pela polícia do Zuccotti Park, localizado próximo ao centro financeiro de Manhattan.
O advogado da ativista queixou-se que o júri deixou de olhar o quadro geral do evento. Em meio a uma operação de desocupação policial, McMillan afirma ter reagido instintivamente após o policial agarrar seu seio. Fotografias das marcas da agressão no corpo da ativista não foram consideradas pelos membros do júri. Naquela noite, após ser presa, McMillan teve convulsões no meio da rua antes de ser atendida pelos médicos locais e tratada por transtorno de estresse pós-traumático.
Em depoimento, o policial agredido relatou que se lembra de ver a ativista abaixando e “repentinamente” desferir uma cotovelada em seu rosto. Ao descrever o evento em testemunhos anteriores, Grantley Bovell já havia, repetidas vezes, identificado o olho errado como o alvo da agressão.
Fonte: http://www.sul21.com.br/
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