A bebida responde por 7,6% das mortes masculinas e 4% das femininas
Câncer, acidente, violência e doenças hepáticas são as principais consequências
O álcool é uma das grandes causas evitáveis de morte. / LUIS SEVILLANO
O álcool forma, junto com o tabagismo, a má alimentação e o sedentarismo as quatro causas de mortes que podem ser evitadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O órgão acaba de apresentar um estudo mundial sobre essa substância, e a principal consequência é que a bebida está relacionada a 3,3 milhões de mortes no planeta por ano –7,6% das masculinas e 4% das femininas, o que dá uma média de aproximadamente 6% das mortes no total.
Essa proporção é reflexo de que os homens bebem mais do que as mulheres, embora existam dados que demonstrem que estas são mais suscetíveis a alguns efeitos adversos da bebida. Não só por questões intrínsecas (costumam pesar menos, têm menor capacidade de processamento hepático e mais proporção de tecido gorduroso, que são fatores de risco), como também sociais, porque são vítimas de violência por seus parceiros quando estes bebem, por exemplo.
Câncer, acidente, violência e danos de ordem hepática são as principais consequências do consumo de álcool, mas o relatório destaca que há evidência de sua relação com outras doenças, como a aids ou inclusive a tuberculose, por seu efeito sobre aspectos como o uso de medidas preventivas. Até 200 patologias estão relacionadas com o consumo de álcool.
Mas, além das mortes, as organizações sanitárias têm outra medida para avaliar o impacto de uma doença ou problema: os anos de vida saudável perdidos (DALYs, na sigla em inglês). Em 2012, segundo o estudo, foram 139 milhões, ou 5% do total atribuído a todas as doenças.
Todos esses dados situam o consumo de álcool entre as cinco primeiras causas de doenças, deficiências e mortes no mundo. E isso sem contar as consequências socioeconômicas do abuso do álcool, que podem ocorrer até nas sociedades mais tolerantes: perda de economias, do trabalho, problemas familiares ou estigma e discriminação.
No entanto, a OMS destaca que dois terços da população do planeta não bebem, o que faz com que esse número se concentre no outro terço (38,3%), que consome, em media, 17 litros de álcool puro por ano. O trabalho destaca que há uma relação entre a riqueza de um país e a bebida.
É a quantidade e o modo de consumo que determinam o dano (melhor pouco que muito, melhor se for pouco a cada dia do que se concentrar em poucas horas), afirma a OMS. O terceiro aspecto é a qualidade do álcool consumido, mas bem distante dos outros fatores. E isso apesar de 25% da bebida consumida no mundo ser de fabricação caseira.
O relatório divide as bebidas em três grupos: licores, cerveja e vinho. Cada uma representa, respectivamente, por 50,1%; 34,8%; e 8% do álcool ingerido. O modelo espanhol é muito diferente: 50% de cerveja, 28% de licores e 20% de vinho. Na região europeia, a partilha é: 39,9% de cerveja, 32,9% de licores e 25,7% de vinho.
“Há de se fazer muito mais para proteger a população das consequências negativas do consumo de álcool”, disse Oleg Chestnov, especialista em doenças crônicas e saúde mental da OMS. Com esses dados “não há vez para a complacência”.
Fonte: EL PAIS
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