23.01.2019 às 13h00
FABRICE COFFRINI
A reunião segue em Davos, na Suíça, até ao final da semana, para debater “o novo contexto global”
Teresa Campos
Jornalista
Davos é uma estância na Suíça que todos os janeiros se transfigura para acolher o Fórum Económico Mundial, este ano na sua 45ª edição. Ocorre sempre pequena cidade nos Alpes Suíços, onde vivem apenas 11 mil pessoas, e que nestes dias cresce para acomodar os milhares de visitantes: este 2019 esperam-se mais de 2500 participantes.
Além disso, este ano, o início do encontro deu muito nas vistas pela não comparência dos presidentes dos EUA e da China e também dos principais líderes europeus. Mas isso não fez reduzir a afluência: segundo a France Press, um número recorde de 1500 voos é esperado esta semana nos aeroportos mais próximos. E embora as alterações climáticas sejam um dos temas recorrentes dos últimos anos - o mais recente relatório da ONU já avisou que temos até 2030 para salvar o planeta - uma boa maioria dos participantes, sejam empresários ou políticos, revela poucas preocupações com a pegada ecológica e viaja até ao local nos seus jactos particulares. No total, especificou a Air Charter Service (ACS), são 200 a mais do que no ano passado.
Depois, quando chegam a aeroportos próximos, como Zurique, que fica a duas horas de comboio de Davos, os passageiros desses voos privados, continuam a sua viagem de helicópteros. Feitas as contas, a procura por este tipo de transporte nesta semana supera a de outros grandes eventos, como o Super Bowl, nos EUA, ou a final da Liga dos Campeões, na Europa.
"Temos reservas de Hong Kong, Índia e Estados Unidos. Nenhum outro evento tem um alcance internacional como este", disse Andy Christie, diretor da ACS em comunicado. Além disso, revela, a tendência é para os jatos serem cada vez maiores e mais caros. “Em parte, isso é explicado pelas longas distâncias, mas também porque os rivais nos negócios não querem ficar para trás", acrescenta Christie.
Perante estes números, os organizadores do Fórum garantem que compensam as emissões envolvidas em cada voo com incentivos para o meio ambiente - e que este ano até subsidiaram os participantes para irem de comboio. "Encorajamos toda e qualquer medida de compensação", disse à AFP Dominique Waughray, um dos responsáveis do Fórum, afiançando ainda que a maioria dos aviões privados são de líderes políticos, revelando-se mais eficientes e seguros.
FABRICE COFFRINI
Um mundo de desiguais
O Fórum é essencialmente uma conferência de elites feita por uma organização sem fins lucrativos que todos os anos se dedica a um tema. Este ano, é “o novo contexto global”, como quem diz, o "período de profundas mudanças políticas, económicas, sociais e tecnológicas em que o mundo entrou”, e o programa tem sessões sobre inteligência artificial, genética, o conflito israelo-palestiniano e as desigualdades sociais. Além dos empresários e políticos, a lista de presenças inclui ainda académicos e, claro, um punhado de personalidades: Davos pode ser o único lugar em que se pode encontrar figuras como o George Soros e o cantor Pharrel, na mesma festa. Este ano, no primeiro dia do encontro, lá estava o Príncipe William, de Inglaterra, à conversa com David Attenborough, o famoso naturalista britânico.
Ainda assim, nada livra Davos da fama de representar apenas 1% do resto do mundo: ou seja, elites que discutem confortavelmente os problemas do mundo sem querer saber os que os outros 99% têm a dizer. Neste caso, a estatística é ainda mais tramada: Segundo o mais relatório da Oxfam, divulgado anualmente a marcar o início do encontro, as 26 pessoas mais ricas do planeta, neste momento, têm o mesmo património do que a metade mais pobre da população mundial, cerca de 3,8 mil milhões de pessoas. E este ano, a provar que a desigualdade não pára de aumentar, aquela organização acrescentou outro dado deveras impressionante: os 2 200 multimilionários do mundo ganham qualquer coisa como 2 mil milhões de euros por dia, um crescimento da riqueza estimado em 12 por cento.
FABRICE COFFRINI
Portugal também vai ao Fórum
De acordo com a organização, há seis portugueses inscritos na reunião deste ano. A lista inclui António Guterres, na qualidade de secretário-geral das Nações Unidas, e Carlos Moedas, enquanto comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação. Em nome do governo, vai o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e o secretário de Estado da Internacionalização Eurico Brilhante Dias. A nível empresarial, Henrique Soares dos Santos da Jerónimo Martins, tal como António Mexia, CEO da EDP e Cláudia Azevedo, da Sonae.
A reunião segue em Davos, na Suíça, até ao final da semana, para debater “o novo contexto global”
Teresa Campos
Jornalista
Davos é uma estância na Suíça que todos os janeiros se transfigura para acolher o Fórum Económico Mundial, este ano na sua 45ª edição. Ocorre sempre pequena cidade nos Alpes Suíços, onde vivem apenas 11 mil pessoas, e que nestes dias cresce para acomodar os milhares de visitantes: este 2019 esperam-se mais de 2500 participantes.
Além disso, este ano, o início do encontro deu muito nas vistas pela não comparência dos presidentes dos EUA e da China e também dos principais líderes europeus. Mas isso não fez reduzir a afluência: segundo a France Press, um número recorde de 1500 voos é esperado esta semana nos aeroportos mais próximos. E embora as alterações climáticas sejam um dos temas recorrentes dos últimos anos - o mais recente relatório da ONU já avisou que temos até 2030 para salvar o planeta - uma boa maioria dos participantes, sejam empresários ou políticos, revela poucas preocupações com a pegada ecológica e viaja até ao local nos seus jactos particulares. No total, especificou a Air Charter Service (ACS), são 200 a mais do que no ano passado.
Depois, quando chegam a aeroportos próximos, como Zurique, que fica a duas horas de comboio de Davos, os passageiros desses voos privados, continuam a sua viagem de helicópteros. Feitas as contas, a procura por este tipo de transporte nesta semana supera a de outros grandes eventos, como o Super Bowl, nos EUA, ou a final da Liga dos Campeões, na Europa.
"Temos reservas de Hong Kong, Índia e Estados Unidos. Nenhum outro evento tem um alcance internacional como este", disse Andy Christie, diretor da ACS em comunicado. Além disso, revela, a tendência é para os jatos serem cada vez maiores e mais caros. “Em parte, isso é explicado pelas longas distâncias, mas também porque os rivais nos negócios não querem ficar para trás", acrescenta Christie.
Perante estes números, os organizadores do Fórum garantem que compensam as emissões envolvidas em cada voo com incentivos para o meio ambiente - e que este ano até subsidiaram os participantes para irem de comboio. "Encorajamos toda e qualquer medida de compensação", disse à AFP Dominique Waughray, um dos responsáveis do Fórum, afiançando ainda que a maioria dos aviões privados são de líderes políticos, revelando-se mais eficientes e seguros.
FABRICE COFFRINI
Um mundo de desiguais
O Fórum é essencialmente uma conferência de elites feita por uma organização sem fins lucrativos que todos os anos se dedica a um tema. Este ano, é “o novo contexto global”, como quem diz, o "período de profundas mudanças políticas, económicas, sociais e tecnológicas em que o mundo entrou”, e o programa tem sessões sobre inteligência artificial, genética, o conflito israelo-palestiniano e as desigualdades sociais. Além dos empresários e políticos, a lista de presenças inclui ainda académicos e, claro, um punhado de personalidades: Davos pode ser o único lugar em que se pode encontrar figuras como o George Soros e o cantor Pharrel, na mesma festa. Este ano, no primeiro dia do encontro, lá estava o Príncipe William, de Inglaterra, à conversa com David Attenborough, o famoso naturalista britânico.
Ainda assim, nada livra Davos da fama de representar apenas 1% do resto do mundo: ou seja, elites que discutem confortavelmente os problemas do mundo sem querer saber os que os outros 99% têm a dizer. Neste caso, a estatística é ainda mais tramada: Segundo o mais relatório da Oxfam, divulgado anualmente a marcar o início do encontro, as 26 pessoas mais ricas do planeta, neste momento, têm o mesmo património do que a metade mais pobre da população mundial, cerca de 3,8 mil milhões de pessoas. E este ano, a provar que a desigualdade não pára de aumentar, aquela organização acrescentou outro dado deveras impressionante: os 2 200 multimilionários do mundo ganham qualquer coisa como 2 mil milhões de euros por dia, um crescimento da riqueza estimado em 12 por cento.
FABRICE COFFRINI
Portugal também vai ao Fórum
De acordo com a organização, há seis portugueses inscritos na reunião deste ano. A lista inclui António Guterres, na qualidade de secretário-geral das Nações Unidas, e Carlos Moedas, enquanto comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação. Em nome do governo, vai o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e o secretário de Estado da Internacionalização Eurico Brilhante Dias. A nível empresarial, Henrique Soares dos Santos da Jerónimo
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