Religiosos ultraortodoxos, ultranacionalistas e a extrema-direita: as opções de Netanyahu para formar Governo
10.04.2019 às 23h00
Maioria de direita no novo Parlamento de Israel vai permitir ao primeiro-ministro continuar no cargo. Netanyahu não precisa de convite do Presidente: já está a negociar a próxima coligação de governo
Benjamin
Netanyahu predispôs-se a um feito histórico e alcançou-o: o atual
primeiro-ministro de Israel vai ser reconduzido num quinto mandato, o
quarto consecutivo. Após tomar posse, basta aguentar-se no cargo até
meados de julho e ultrapassa David Ben-Gurion, fundador do Estado, como o
israelita que chefiou o Governo durante mais tempo.
Em nome
desse desígnio, Netanyahu correu em duas pistas nas eleições
legislativas de terça-feira: enquanto líder do Likud, pugnando pela
eleição do maior número possível de deputados, e enquanto membro da
fação da direita no Parlamento (Knesset), na esperança que, conferidos
os votos, esse bloco fosse maioritário.
Netanyahu ganhou em toda a
linha. Com 97% dos votos escrutinados, o Likud segue na frente com
26,27%, seguido de muito perto pela aliança Kahol Lavan (Azul e Branco,
de centro), com 25,94%. Entre as duas formações há cerca de 14 mil votos
de diferença, num universo de 6,3 milhões de eleitores. No Knesset,
ambas vão ter 35 deputados.
Mas o que verdadeiramente contribui
para estender a passadeira vermelha a Netanyahu é a maioria alcançada
pelo conjunto dos partidos de direita, que elegeram 65 deputados num
total de 120.
Ao longo dos seus 70 anos de história, Israel nunca
teve um governo de um partido só. A seguir a umas legislativas,
negociar uma coligação é pois um procedimento político tão habitual como
votar.
Os
resultados de terça-feira ditaram que os parceiros naturais de
Netanyahu na próxima coligação são cinco. À cabeça, os dois partidos
religiosos ultraortodoxos (Shas e Judaísmo da Torah Unida), que
conseguiram oito lugares cada — no conjunto, passam de 13 para 16
deputados. Por ironia, estes partidos estiveram envolvidos na crise
política que levou à antecipação destas eleições em meio ano, quando
bateram o pé a uma nova lei que pretendia estender o serviço militar aos
homens ultraortodoxos, o que não acontece agora.
Com cinco
deputados cada, Yisrael Beitenu e a União dos Partidos de Direita são
outros apoios essenciais a Netanyahu. O primeiro — “Israel é o nosso
lar” — é liderado pelo ultranacionalista Avigdor Lieberman, que foi
ministro da Defesa de Netanyahu entre 2016 e 2018 e bateu com a porta em
novembro passado após o primeiro-ministro ter optado por um cessar-fogo
com o Hamas em vez de bombardeamentos à Faixa de Gaza, como Lieberman
defendia.
Quanto à União dos Partidos de Direita, foi fundada em
fevereiro passado e agrupa três partidos da direita e da
extrema-direita. Entre eles está o polémico Poder Judeu, que se diz
herdeiro ideológico do rabino radical Meir Kahane. O seu líder, Michael
Ben-Ari, foi impedido pelo Supremo Tribunal de Israel de se candidatar
nestas eleições.
A fechar o leque das hipóteses de coligação de
Netanyahu surge o Kulanu, liderado pelo atual ministro das Finanças,
Moshe Kahlon. Quando fundou o partido, em 2014, Kahlon definiu-o como “a
direita sã”. Nestas eleições perdeu seis deputados, ficando-se pelos
quatro.
Na
bancada de centro-esquerda — a real oposição a Netanyahu —, além do
Kahol Lavan (35 deputados), vão sentar-se duas coligações árabes:
Hadash-Ta’al e Balad-Ra’am, a primeira com seis e a segunda com quatro
parlamentares. Em 2015, os quatro partidos concorreram unidos e
conseguiram 13 lugares — agora, separados, ficaram-se pelos 10. Na
sociedade israelita, os árabes correspondem a 20% da população, mas no
Parlamento a sua representatividade não vai agora além dos 8%.
Entre
os derrotados destas eleições, o campeão foi o Partido Trabalhista.
Outrora a fação dominante na política israelita, durante as primeiras
décadas de vida do Estado, perdeu dois terços dos lugares que tinha,
passando de 18 para seis. O outro partido de esquerda, o Meretz — membro
da Internacional Socialista — também perdeu representatividade,
passando de cinco para quatro deputados.
Apurados os votos, cabe
ao Presidente de Israel, Reuven Rivlin, convidar a personalidade que
considera ter melhores condições para formar governo. Benjamin Netanyahu
adiantou-se ao convite e já anda em conversações.
Fonte: https://expresso.pt/internacional/2019-04-10-Religiosos-ultraortodoxos-ultranacionalistas-e-a-extrema-direita-as-opcoes-de-Netanyahu-para-formar-Governo-2#gs.4khn38
Fonte: https://expresso.pt/internacional/2019-04-10-Religiosos-ultraortodoxos-ultranacionalistas-e-a-extrema-direita-as-opcoes-de-Netanyahu-para-formar-Governo-2#gs.4khn38
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