"Em política — na qual é feita de boa fé — domina o país o mesmo liberalismo palavroso da nossa origem romântica, desde a Constituição imperial, o Ato Adicional, o parlamentarismo até o pacto fundamental da República. A arte de governar tem sido um habilidoso discursar em que sempre reaparecem, com outras roupagens, as velhas ideias de Hugo, de Michelet e de Quinet.
Declarações, por sua própria natureza sisudas e ponderadas, tomam a aparência dos piores desvarios do romantismo.
No império, um chefe do partido liberal, diplomata e senador, exclamava como um herói de Ossian: “Saiu-me de encontro a política, a infecunda Messalina, que de seus braços convulsos pelo hIsterismo a ninguém deixa sair senão quebrantado e inútil; veio-me ao encontro, arrastou-me para as suas orgias...”
PAULO PRADO - Retrato do Brasil
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