Nunca estamos seguros da própria liberdade, num país em que a dos outros não está garantida. - "A Vida do Direito e a inutilidade das leis", por JUAN CRUET, Advogado
Um trecho da obra intitulada Origens do totalitarismo, escrita pela judia HANNA ARENDT, dá muito no que pensar em relação a direitos iguais, no que tange à liberdade de expressão, nossa e dos outros.
Vejamos:
(...) quando, ao tempo da Assembleia Nacional francesa, os judeus de Bordeaux e de Avignon protestaram violentamente contra a concessão de igualdade, por parte do governo francês, aos judeus das províncias orientais - Alsácia principalmente -, ficou claro que os judeus não pensavam em termos de direitos iguais.
E realmente não nos surpreende que os judeus privilegiados, intimamente ligados aos negócios de governos e bem conscientes da natureza e condições de seus status, relutassem em aceitar a outorga para todos os judeus dessa liberdade (...)
O que estou a matutar é se o empenho de incontáveis setores da sociedade, no sentido de ver punido o "podcaster" Monark, por ter admitido simpatia à ideia de registro de um partido nazista no Brasil, poderá implicar no pernicioso entendimento de que a minha liberdade pode ser absoluta, mas a do meu adversário precisa ser relativizada e, se muito ousada, até punida exemplarmente.
Até pouco tempo, algo semelhante acontecia no tocante à liberdade religiosa: os católicos bradavam por liberdade absoluta de culto, para si próprios, mas estigmatizavam os outros credos como "seitas" e pugnavam por repressão inclemente contra tais "heresias", criando oportunidade para que a liberdade religiosa fosse passível de relativização.
Ainda hoje, os evangélicos querem liberdade de culto sem limite, para si próprios, mas quebram santo e atacam centros de umbanda, evidenciando que entendem a liberdade de crença e de culto apenas no estreito limite das próprias convicções.
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