- Onde estou? No alto! Onde acabei caindo? No topo!
Esse ápice, a grandeza, essa cúpula do mundo, a onipotência, agora é minha morada.
Sou um dos deuses desse templo elevado! Habito no inacessível.
Esse topo que eu contemplava de baixo, e do qual emanava tanto brilho que meus olhos até se fechavam, essa senhoria intransponível, essa inatingível fortaleza dos felizes, nela entro. Nela estou. Dela faço parte.
Ah! Que guinada definitiva! Eu estava por baixo, agora estou por cima. Por cima, para sempre! Pois sou Lorde, terei um manto escarlate, terei florões na cabeça, assistirei ao coroamento dos reis e eles prestarão juramento entre minhas mãos, julgarei os ministros e os príncipes, existirei. Das profundezas de onde me haviam jogado, salto para o zênite. Tenho palácios na cidade e no campo, palacetes, jardins, campos de caça, florestas, carruagens, milhões; darei festas, farei leis, escolherei as alegrias e os prazeres, e o errante Gwynplaine, que não tinha sequer o direito de pegar uma flor no mato, poderá colher estrelas no céu! - VICTOR HUGO - O homem que ri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário